Geralmente se imagina que inovação é algo restrito às grandes corporações com vultosas quantias em dinheiro para investir. Ou ainda que inovação só se faz com máquinas disruptivas que vão mudar todo o mundo com sua tecnologia radical. Não é bem por aí.
Tecnicamente dizemos que a inovação tem diversos graus, isto é, que ela pode alterar a forma de fazer as coisas de maneira abrupta, quando chamamos de radical, ou com modificações mais simples, chamada de incremental. A inovação disruptiva, tão propalada hoje em dia, é um tipo de inovação radical e não pode ser banalizada. Este alerta foi dado pelo próprio criador do termo, falecido professor da Universidade de Harvard Cleiton Christensen.
Conversei com o professor João Luiz de Carvalho, doutor em Administração pela Universidade de São Paulo (USP) e que está na equipe coordenadora do Centro de Inovação do Comércio de Londrina, um projeto realizado a partir da parceria entre a Universidade Estadual de Londrina (UEL), Sebrae e o Sindicato do Comércio Varejista de Londrina (Sincoval).
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Segundo Carvalho, o Centro deve entrar em operação no último quadrimestre do ano na sede do Sincoval, onde alunos e professores da UEL vão trabalhar em parceria com varejistas da cidade, principalmente de pequeno e médio porte, no desenvolvimento de inovação. Assim como ocorre em grandes centros de inovação pelo mundo, o espaço vai abrigar locais de prototipagem de novos produtos, inclusive com a previsão de impressoras 3D, espaço de interação e trocas de experiências, além de uma loja conceito, na qual poderão ser testadas muitas das novidades pensadas pelos membros do Centro de Inovação.
O comércio é um dos setores mais impactados pelas mudanças tecnológicas, em virtude, principalmente do avanço do e-commerce sobre o varejo tradicional. Desde as grandes redes nacionais, passando por modestas lojas familiares, todas as firmas foram obrigadas a mudarem, em maior ou menor grau, o jeito como trabalharam durante a fase mais crítica da pandemia. Muitas empresas, inclusive, não suportaram a pressão e faliram.
Sobreviveram não necessariamente as mais ricas ou as que compraram as melhores tecnologias, mas aquelas que se adaptaram melhor ao novo cenário. Diversos pequenos restaurantes, por exemplo, se saíram melhor que grandes redes dependendo do contexto. Ou alguém ainda se questiona se existe vida fora do iFood?
O Centro de Inovação do Comércio de Londrina vai buscar fortalecer o varejo local justamente a partir de inovações incrementais que tragam respostas rápidas e certeiras para as necessidades do dia a dia. A inovação radical, ou talvez a disruptiva, é como uma utopia, aquela que sempre buscamos, mas não necessariamente alcançamos. A inovação que move o mundo cotidianamente no comércio é aquela vitrine diferente, uma melhora no atendimento, um produto ou serviço com uma pitada de sorte e ousadia.
Sucesso ao Centro de Inovação e ao professor Carvalho. Londrina e região estão torcendo por vocês ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.