Economia

Investir é acreditar: a contribuição das cooperativas de crédito

25 jul 2022 às 08:00

Se tem algo que nos ensina para toda vida são os momentos difíceis. A minha impressão, reforçada por muitas que me disseram o mesmo, é que quanto mais difícil, maior o aprendizado.


Dias atrás eu falava que a crise chegou até para um segmento imune aos percalços da economia: as startups. Elas demitiram milhares de trabalhadores em todo o país, sinal de que a bonança com investimentos recordes acabou. Chegou o momento de se adequar para sobreviver.


Ao mesmo observamos que o agronegócio cresceu durante os dias mais tensos da pandemia. De acordo com dados divulgados pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o PIB do agronegócio brasileiro cresceu 8,36% em 2021. O setor alcançou participação de 27,4% no PIB brasileiro, que é o maior índice em quase 20 anos. Vale lembrar que o agro também está sofrendo os efeitos nefastos da Guerra na Ucrânia, com alta nos custos de produção, sobretudo fertilizantes importados da Rússia e Ucrânia; da elevação da inflação em nível mundial; e do aumento do petróleo. Ainda assim, a agropecuária tem boas perspectivas para as próximas safras.


O Plano Safra 2022/2023 do Governo Federal pretende disponibilizar R$ 340,88 bilhões para apoiar a produção agropecuária nacional até junho do próximo ano, número que representa um aumento de 36% em relação ao plano anterior. Em consonância com esse crescimento, a Cresol está encerrando o Plano 2021/2022 tendo movimentado cerca de R$ 6 bilhões, com mais de 98 mil contratos. O montante representou um crescimento de 25%, em relação ao volume contratado na safra anterior. Para a próxima safra a Cresol espera aplicar R$ 10 bilhões em diferentes modalidades.


As linhas de crédito podem ser do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), voltado a micro e pequenos produtores que se encaixem nessa categoria, ou do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), para propriedades um pouco maiores. Elas também se dividem em crédito de custeio e crédito de investimento, conforme a necessidade de cada caso.


Dessa maneira a Cresol dá uma importante contribuição para o segmento do agro que vem crescendo, mesmo em momentos adversos. Além disso, mostra o quanto as cooperativas de crédito são fundamentais para financiar a atividade econômica. Se no segmento de startups, os fundos de investimento exigem uma postura muitas vezes agressiva em demasia das empresas nascentes, as cooperativas de crédito, por sua vez, atendem as necessidade do setor a partir de suas peculiaridades, como o grande risco envolvendo as questões climáticas. Não se pode comparar, por exemplo, o risco de uma geada, seca, ou chuva em demasia para uma lavoura com as possibilidades de não se atingir as metas de vendas em uma startup.


A inovação até pode ser mais rápida nas startups, mas é o investimento certo das cooperativas de crédito que traz maior segurança para a atividade econômica ;)


*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.

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