O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de outubro teve variação de 0,75%, mais do que dobrando a taxa observada em setembro (0,35%). Com o resultado, o IPCA passou a acumular 4,73% neste ano, percentual inferior ao de 5,95% registrado em igual período de 2004, mas acima das expectativas dos agentes econômicos, que esperavam um número perto de 0,5% para outubro (nossa projeção estava em 0,62%).
Com impacto de 0,18 ponto percentual, a gasolina se manteve na liderança dos principais impactos individuais no IPCA. Contudo, acreditamos que esse efeito já deva se dissipar nos dados de novembro, movimento já sinalizado nos dados de outubro: o impacto da gasolina foi responsável por parcela mais reduzida do IPCA de outubro (24%) em relação ao de setembro (40%).
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Além dos combustíveis, as passagens aéreas (11,06%) e os ônibus urbanos (1,10%) fizeram a despesa com transportes subir 2,21% no mês, a maior alta de todos os grupos pesquisados, detendo 0,49 ponto percentual, ou seja, 65% do IPCA.
Os artigos de vestuário, na mesma linha do efeito detectado pelo último resultado do IPC-S, passaram de 0,19% (setembro) para uma alta de 0,72% em outubro, indicando plena comercialização da coleção primavera-verão. Outros itens que tiveram influência sobre a taxa do mês foram os serviços de plano de saúde (0,95%), recreação (0,85%) e condomínio (0,81%).
No caso dos alimentos, houve quebra na trajetória de queda observada por quatro meses consecutivos; o subitem registrou alta de 0,27%, frente à queda de 0,25% em setembro.
No mês de outubro, o consumidor passou a pagar 4,20% a mais pelo quilo da carne e 3,90% pelo frango. Em período de entressafra, a crise na pecuária bovina propiciou aumentos nos preços do setor, impulsionado também pela detecção de novos focos de aftosa, levando ao sacrifício de mais rebanhos. O preço da carne chegou a ficar 6,64% mais caro em Recife.
No entanto, ressaltamos que o aumento do sub-grupo é pontual, reduzido à pressão sobre o complexo carnes, visto que vários outros itens mostraram queda. É o caso do feijão carioca (-8,09%), alho (-6,85%), batata (-6,57%), ovos (-3,56%) e arroz (-3,06%).
Nessa linha, ressaltamos que a pressão sobre os índices de preços ao consumidor deve mostrar forte descompressão ao longo de novembro, sendo esperado uma variação de 0,35% para o IPCA no mês, sinalizando variação de 5,68% no ano, cerca de 0,5% acima da meta definida pelo COPOM para o ano de 5,1%.