O processo de venda do banco Bamerindus para o HSBC que, após três anos e meio, ainda permanece cercado de mistérios poderá vir à tona nas próximas semanas. A juíza da 14ª Vara da Justiça Federal de São Paulo, Regina Helena Costa, determinou ontem que o Banco Central apresente toda a documentação que envolveu a operação de venda. A juíza acatou o pedido da ação que está sendo movida pela Associação dos Acionistas Minoritários do Bamerindus.
Segundo o despacho da juíza, o Banco Central tem de encaminhar as informações e a prestação de contas que se referem à venda e à avaliação feita no patrimônio do Bamerindus, num prazo de 15 dias. O Bamerindus sofreu intervenção e liquidação extrajudicial em março de 1997.
Sem fazer qualquer comunicado prévio aos próprios donos do Bamerindus, o Banco Central fechou as portas do banco paranaense e, em seguida, passou a instituição financeira para o banco inglês. Não houve processo de preparação para a venda do Bamerindus.
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Desde que o HSBC assumiu o controle do Bamerindus, os antigos donos do banco e os acionistas minoritários tentam obter informações mais claras sobre o processo de venda, considerado obscuro para eles. "O Banco Central sempre se negou a fornecer a documentação sobre a avaliação do Bamerindus", afirmou, ontem, o ex-dono do Bamerindus, José Eduardo Andrade Vieira. Em sua avaliação, a recusa do Banco Central em tornar claro a venda para o HSBC, coloca a "transação sob suspeita".
José Eduardo aplaudiu a decisão da juíza de São Paulo. "Uma operação de internvenção em um banco deveria ser algo transparente, mas, lamentavelmente, só por ordem judicial que os documentos virão à tona", disse. O Banco Central, no entanto, deverá recorrer da decisão para tentar barrar a abertura.
O presidente da Associação dos Acionistas Minoritários do Bamerindus, Euclides Ribas, disse que a atitude do Banco Central em esconder a intervenção do Bamerindus "evidencia que ele foi mal vendido". Segundo Ribas, os 42,5 mil acionistas minoritários foram lesados com a intervenção. Eles detinham 22,5% do controle acionário do banco, o que equivaleria a R$ 400 milhões, na época, ou R$ 150 milhões hoje. "Nossas ações viraram pó de um dia para outro", protestou.