Uma pesquisa elaborada a pedido da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) e Sebrae elencou a movimentação dos consumidores londrinenses atrás do comércio e as preferências de canais de compra. O estudo, elaborado pela Litz Estratégia e Marketing, foi apresentado em detalhes nesta sexta-feira (13) e traz informações estratégicas para que o empresário possa balizar sua estratégia de negócios.
As entrevistas foram feitas entre os dias 7 e 28 de abril e abordaram 400 entrevistados que deram suas opiniões e preferências sobre local de compras, preferência de consumo (presencial ou digital), se o estabelecimento é “pet friendly” (aceita animais de estimação), quais facilidades o estabelecimento oferece (como estacionamento, por exemplo), quais os canais de comunicação que mantêm com as lojas, entre dezenas de indicadores.
O perfil médio do consumidor londrinense é majoritariamente de mulheres (51,8%), pertencentes à Geração Y (entre 25 e 39 anos, 30,3%) - mas, seguido de perto pela Geração X (entre 40 e 59 anos, 28,8%), com ensino médio completo (48%) e renda entre R$ 3.036 e R$ 5.313 (25,3%). A maioria tem filhos (53,5%) e animais de estimação (54,3%).
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Somente este último dado já indica um potencial de investimento, segundo o diretor da Litz, Renato da Rocha Neto, ao apresentar o levantamento na sede da Acil, ao apontar que estabelecimentos que aceitam pets ganham a preferência de alguns tutores.
Ainda de acordo com o estudo, 93% dos entrevistados dizem que ainda fazem consumo presencial, mas, a preferência muda de acordo com a idade: quanto mais jovens, mais os consumidores londrinenses dão preferência ao e-commerce. Por outro lado, o estudo indica que produtos de farmácia, vestuário e calçados ainda têm mais força no atendimento físico, enquanto o “fast food” é forte no digital.
Publicidade geolocalizada
O estudo levantou,também, o comportamento dos moradores das cinco regiões geográficas de Londrina – norte, sul, leste, oeste e centro – e constatou que, embora o consumo no próprio bairro seja forte, compradores também migram para a área central. Entretanto, há diferenças de preferências entre os moradores em relação às referências geográficas.
Um exemplo disso é em relação aos consumidores da zona norte em comparação com o de outras regiões. Enquanto 85,4% dos consumidores da região norte utilizam principalmente lojas e serviços da região, com 14,6% migrando para outras regiões, na área sul, 42,2% dão preferência exclusiva para os serviços perto de casa, com 57,8% admitindo que se deslocam a outras regiões atrás do consumo.
Estratégia direcionada
Para o diretor comercial da Acil, Fábio Kai, os resultados são um guia claro para orientar comerciantes, varejistas e fornecedores sobre onde o público está e o que ele busca.
“É uma oportunidade de direcionar melhor as ações. Sabendo onde o cliente realmente quer consumir, o comerciante pode se posicionar estrategicamente, seja com loja física, redes sociais ou até com propaganda bem colocada. Mas para isso, falta iniciativa no varejo — é preciso que os empresários queiram, de fato, se desenvolver”, avalia.
Além de mostrar quais canais o consumidor mais utiliza — presencial, digital ou ambos —, a pesquisa permite um olhar aprofundado sobre a regionalização do consumo. Segundo Renato da Rocha Neto, diretor de projetos da Litz - responsável pela elaboração do estudo -, o levantamento identifica com precisão os fluxos de compra por região da cidade, além de destacar tendências como o interesse crescente por saúde, bem-estar, digitalização e aspectos éticos nas decisões de consumo.
“Cada segmento tem um comportamento diferente. Há áreas onde o consumo no bairro predomina, outras onde a loja do centro tem mais força. Isso permite que o empreendedor saiba até onde vale a pena investir em divulgação ou mudar o modelo de atendimento”, explica.
Já para Rubens Negrão, gerente regional do Sebrae, o principal valor da pesquisa está em democratizar o acesso a dados que costumam ser restritos a grandes corporações. “Queremos que os pequenos negócios deixem de decidir apenas com base no ‘achismo’. A pesquisa é uma ferramenta concreta que mostra com clareza onde está o consumidor, que idade ele tem, quanto ganha e por onde prefere comprar. O empresário pode — e deve — usar isso para ajustar sua linguagem, produto, canal de vendas e até o atendimento nas redes sociais”, recomenda.
Rubens também lembra que o Sebrae e a Acil oferecem apoio técnico para transformar os dados da pesquisa em ações práticas. “Muitas vezes, o pequeno empreendedor não tem equipe nem tempo para aplicar tudo sozinho. Por isso, as entidades estão aqui para ajudar, com capacitações e consultorias, para que ele realmente consiga crescer com base em informação sólida”, conclui.