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Política fiscal do governo é mais prejudicial que falas de Lula, afirmam analistas

José Marcos Lopes - Especial para a Folha
15 jul 2024 às 07:00

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- Foto montagem com imagens de Evaristo Sá/AFP/IStock
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A política fiscal do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva pesa mais na alta do dólar e na desestabilização da economia do que as recentes falas do presidente sobre o BC (Banco Central), avaliam economistas. Desde o início do ano, a moeda norte-americana já se valorizou em aproximadamente 16% frente ao Real – no dia 2 de julho, chegou a R$ 5,66, maior valor desde que Lula assumiu, em janeiro de 2023.


As críticas do presidente à taxa de juros, ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e à autonomia da instituição foram vistas como o grande fator na recente valorização do dólar. Mas, para analistas ouvidos pela FOLHA, as falas do presidente são decorrentes da própria atuação do governo, que em abril deste ano decidiu revisar a meta de superávit primário (o resultado das receitas e despesas do governo, excetuando-se o pagamento de juros). Para 2025, a meta, que era de 0,5% do PIB, passou para déficit zero, a mesma deste ano.

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O mercado entendeu essa medida como uma sinalização de que o governo não deverá promover cortes significativos nos gastos públicos, o que levou a projeções de elevação do dólar e da taxa Selic, a taxa básica de juros para a economia, para este ano. No dia 16 de junho, em uma decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, manteve a taxa em 10,5%, decisão que interrompeu um ciclo de sete quedas consecutivas.

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Para o economista e consultor Carlos Magno Bittencourt, ao criticar os efeitos de sua própria política, o governo age como um “cachorro que corre atrás do próprio rabo”. “O Lula critica a taxa de juros de 10,5%, que é a taxa primária. Porque ele está sendo irresponsável com a política fiscal e sabe que o governo vai ter que buscar mais dinheiro no mercado. É como o cachorro correndo atrás do próprio rabo”, afirma. “A taxa é alta porque o governo está gastando mais. Na última reunião do Copom, a decisão foi unânime. Isso mostra responsabilidade da autoridade monetária em relação ao mercado.”


Ao criticar abertamente a atuação do Banco Central, o presidente pode influenciar a fuga de dólares, avalia o consultor. “O dólar elevado é excelente para os exportadores, mas tem os dois lados da moeda, como fica o importador? Tem que ter um equilíbrio, e isso deve estar sempre na cabeça do presidente do Banco Central, do ministro da Fazenda e presidente da República”, diz Bittencourt. “Por isso ele (Lula) não pode sair falando sobre taxas ideais. Se ele falar que a taxa ideal é R$ 5, todos podem vender. Se falar que a taxa ideal é R$ 6, o valor pode chegar a R$ 8. Todo mundo pode sair vendendo ou comprando.”


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