A queda na cotação do dólar reaqueceu a economia de Ciudad del Este (Paraguai), na fronteira com Foz do Iguaçu.
Dados do Centro de Importadores e Comerciantes de Alto Paraná (Cicap) revelam um aumento de 9% nas vendas nas duas últimas semanas.
O índice, embora ainda de um dígito, é significativo para um centro comercial em decadência.
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Há um claro aumento no número de sacoleiros e do turismo de compras, aquele para consumo próprio e não para revenda.
O movimento maior tem sido registrado nas quartas-feiras e sábados fenômeno existente antes mesmo da valorização do real, mas também pode ser observado numa escala menor durante os outros dias da semana, com exceção do domingo.
A razão para o retorno dos compristas está na baixa dos preços de equipamentos de informática, eletrônicos, brinquedos e eletrodomésticos.
A cotação passou de R$ 3,60 por US$ 1,00 em fevereiro para os atuais R$ 3,00 por US$ 1,00. A mudança atraiu consumidores da classe média, em especial aqueles que temem uma nova alta da moeda norte-americana.
Um aparelho de DVD, por exemplo, custa em média US$ 90,00. Em fevereiro, ele era vendido a R$ 324,00, hoje pode ser comprado por R$ 270,00; o que proporciona uma economia contrária à resultada pela inflação brasileira.
Já um computador de US$ 1 mil hoje tem valor com R$ 600,00 a menos que o preço de dois meses atrás.
Com a diferença é possível comprar uma impressora de boa qualidade. A cota individual de compras é de US$ 150,00 (R$ 450,00).
Segundo a comerciante Nadia Zeinedin, 30 anos, a queda do dólar ajudou as pessoas com alto poder aquisitivo, que frequentam os grandes shoppings.
''A maioria das lojas, justamente aquelas que atendem os sacoleiros, não sentiu muito vantagem, até porque a fiscalização da Receita Federal continua rigorosa'', diz a lojista que está há 14 anos no ramo. ''O povo está sem dinheiro'', completa.
A opinião é compartilhada pela sacoleira Dinorá Martins de Oliveira, 44. Na opinião dela, o dólar baixo ajudou, porém pouco alterou o movimento.
''Podemos até comprar produtos mais baratos. Mas vamos vender para quem lá no Brasil, se ninguém tem dinheiro?'', comenta Dinorá.
Residente em Santa Terezinha de Itaipu (25 km ao nordeste de Foz), ela leva mercadorias para Belo Horizonte (MG).
Um teste para o comércio local será o volume de vendas nesta véspera do Dia das Mães.
A meta é tentar repetir o bom movimento registrado no feriado de Páscoa.
Nesta quinta-feira, a Folha encontrou mulheres de quatro gerações da família Lima. Residentes em Curitiba, Ivete Lima, 83, Neusa Trombini, 59, Simone Lima, 38, e Rafaela Lima, 17, estavam num tradicional shopping de Ciudad del Este.
''Sempre que venho descansar no spa de um hotel de Foz, passo no Paraguai'', afirmou a empresária Neusa.
Segundo ela, os preços melhoram muito em relação à última passagem dela pela fronteira, em outubro de 2002. Entre os itens comprados pelas turistas, estavam brinquedos e cobertores.