Apesar da região Sul do País ter ficado de fora do racionamento de energia anunciado ontem pelo governo federal, os empresários paranaenses estão apreensivos e começam a se mobilizar para um provável ingresso no programa a partir de agosto. O clima é de aprensão e até de revolta. A reclamação dos empresários é ter de economizar energia justamente num momento em que estão aquecidas as vendas, o que exige mais produção e, como consequência direta mais gasto energético.
Os empresários fazem cálculos e não conseguem descobrir como vão economizar quase 20% do que consomem hoje, caso sejam enquadrados no racionamento. "Estou fazendo uma equação do segundo grau e não acho o resultado", diz o diretor-presidente do Grupo Pólo Shop, Ivo Petris. Sócio em três centros comerciais de Curitiba, entre eles o Polo Shop Estação, ele diz que, nos últimos meses, teve de equipar as lojas com novo sistema de ar-condicionado e iluminação. Na shopping localizado no Alto da XV, o aumento de energia foi de 50%.
O receio de Petris é ter de economizar sobre o que consumia no ano passado. Ele diz que cortes só poderão ser feitos se houver um entendimento de toda a população de que é necessário contribuir. Caso contrário ninguém entenderá ter de circular por um shopping com elevadores e escadas rolantes paradas ou com luzes apagadas.
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O grupo Pão de Açúcar adotou um programa piloto em dois supermercados e conseguiu economizar 15% de energia, em 1998. O projeto se estendeu para as demais unidades em todo o País. A determinação da empresa, agora, é construir lojas com pé-direito mais baixo para economizar com o ar-condicionado. Os tetos passaram a ser translúcidos e as câmaras frias têm horário pré-determinado para serem abertas. Todas as lojas estão equipadas com geradores, em caso de blecaute.
As indústrias também estão preocupadas com gasto excessivo. A fábrica de massas Todeschini formou uma comissão interna para estudar formas de economia. Até então, a empresa não tinha adotado programa de redução nas despesas com luz. A Todeschini deve começar o trabalho fazendo uma campanha educativa entre os funcionários para que apaguem lâmpadas em ambientes vazios.
O que não se aceita é ter de cortar produção. "Num momento de aquecimento da economia, nem pensar em reduzir gasto de energia", protesta o presidente do Sindicato da Indústria de Peças Automotivas (Sindipeças), Benedicto Kubrusly. Ao criticar o governo federal por não ter investido em geração energética nos últimos anos, Kubrusly lembrou que o governo tem "obrigação moral" de oferecer infra-estrutura para o setor produtivo.