O racionamento de energia elétrica e o dissídio coletivo dos funcionários da construção civil, que entram em vigor a partir de 1º de junho, deverão influenciar no aumento de preços do mercado de imóveis no Paraná. O estado ainda não foi incluído no racionamento mas é atingido indiretamente, porque mais de 80% dos insumos utilizados na construção civil são oriundos da região Sudeste, que terá racionamento, disse ontem Eliel Lopes Ferreira Júnior, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscom).
Lopes Ferreira disse que a reação no custo dos imóveis pode ocorrer a partir da segunda quinzena do mês de junho. Ele calcula que os imóveis poderão ter uma alta de até 30% até o final do ano. Além do racionamento, o empresário está calculando o impacto da recuperação dos salários dos funcionários nos últimos 12 meses.
Segundo Lopes Ferreira, as indústrias da construção não têm mais como manter o custo do imóvel estabilizado como vem fazendo há cerca de um ano. "Se o custo dos materiais de construção adquiridos na região Sudeste subir muito, a alternativa será substituir por produtos comprados na região Sul, onde ainda não existe racionamento", orientou. "O problema é que os preços dos produtos fabricados aqui são menos competitivos e isso pode provocar uma alta no preço final da construção", explicou. As indústrias do Paraná compram muito insumos como ferragens, alumínio, aço e vidros dos Estados do Sudeste.
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Segundo o presidente do Sinduscon, só em abril, antes de agravar a tese do racionamento, o setor da construção civil já enfrentou uma alta média de 1,09% no custo dos insumos, que foi a maior elevação ocorrida desde janeiro de 2000. Para se ter uma ideía, as ferragens como dobradiças tiveram uma alta de 11,15%. O vidro de quatro milímetros teve uma alta de 4,95%, os caixilhos, uma alta de 7,69%, a tinta látex subiu 4,65%, o aço para concreto, 3,33% e o cimento, 3%. No quadrimestre janeiro a abril, o vidro de quatro milímetros acumula uma alta de 11,11%.
Além dos aumentos verificados em abril, os insumos mais representativos utilizados na construção civil tiveram alta superior à inflação medida nos últimos 12 meses, daí a dificuldade em continuar absorvendo esses custos, justificou Lopes Ferreira.
Apesar disso, o presidente do Sinduscon não prevê dificuldades na venda de imóveis prontos. Segundo ele, haverá um momento em que a lei da oferta e da procura vai alavancar os preços. "É isso não está longe de ocorrer porque em pouco tempo deverá faltar imóveis construídos com tecnologia de primeira e bem localizados", previu.