A remuneração média real do trabalhador brasileiro caiu 2,5% de 2001 para 2002. Em relação a 1996, quando o rendimento foi o mais alto de 1992 a 2002, a queda foi de 12,3%.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2002), divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento da parcela das pessoas ocupadas no país que recebeu as menores remunerações de trabalho teve perda real de 1,7% de 2001 para 2002, enquanto para a parcela com os maiores rendimentos a perda foi maior, de 2,6%. De 2001 para 2002, a maior redução, de 6,1%, ocorreu no rendimento dos trabalhadores por conta própria.
A pesquisa revela que os 10% ocupados que tinham os maiores rendimentos concentravam 49% da remuneração em 1993 e 46,1% em 2002. Já os 10% com os menores rendimentos ficaram com 0,7% em 1993 e 1% em 2002.
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No período de 1992 a 2002, o Índice de Gini, que mede a distribuição dos rendimentos do trabalho, atingiu o máximo de 0,600 em 1993 e o mínimo de 0,563 em 2002, "colocando o país em uma das piores situações de distribuição de renda se comparado com os demais países", segundo o presidente do IBGE, Eduardo Nunes.
O grau de concentração dos rendimentos foi maior no Nordeste e no Centro-Oeste, mas no Nordeste as remunerações médias foram muito inferiores às das outras regiões.
A defasagem entre os rendimentos dos homens e das mulheres continuou a cair em 2002, mas o rendimento médio das mulheres ainda foi bem inferior ao dos homens. De acordo com a pesquisa, o rendimento feminino representava 61,6% da remuneração paga aos homens em 1992 e passou para 70,2% em 2002. A maior defasagem foi encontrada no grupo dos trabalhadores por conta própria.
Em 2002, 27,1% dos trabalhadores ganhavam até um salário mínimo e 1,3% recebiam mais de 20 salários mínimos. E a proporção de domicílios com rendimento de um salário mínimo foi de 12% em 2002, enquanto os domicílios com renda superior a 20 salários mínimos respondiam por 4,7% do total.