A partir desrta segunda, 1,6 mil funcionários da Renault em São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba) vão entrar em férias coletivas de dez dias por causa da retração do mercado argentino. Outras duas montadoras paranaenses, a Volkswagen/Audi e a Volvo, já paralisaram as atividades por alguns dias no mês passado, mas todas as empresas dizem que vão cumprir com a meta de produção deste ano.
Como consequência direta dessas paralisações, as empresas fornecedoras de peças também precisam dar férias coletivas. O setor já sentiu queda no faturamento de 6,4% no mês passado, em relação a junho de 2000.
As férias coletivas da Renault atingem metade dos 3,1 mil funcionários. A Argentina, principal mercado das vendas externas da montadora, vive uma grave recessão. Segundo a assessoria de imprensa da montadora francesa, a expectativa inicial de produção, de cerca de 100 mil veículos neste ano, deve se manter.
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A Volkswagen/Audi paralisou a produção por dez dias, entre 25 de junho e 5 de julho. Segundo a empresa, a medida foi adotada para contribuir com o plano de racionamento de energia implantado em todas as unidades do País. A assessoria de imprensa informou que a meta de produção, de 110 mil veículos, deve ser mantida.
Na Volvo, o motivo das férias coletivas, que também durou dez dias em junho, foi reestruturação interna, causada pelo fim das exportações de cabines para caminhões para a Suécia. A empresa também afirmou que a meta de vendas deve ser cumprida, atingindo 10% a mais do que no ano passado, quando a Volvo comercializou 4.032 caminhões e 608 ônibus.
De acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), o setor cresceu 4,3% no primeiro semestre de 2001, em relação ao mesmo período do ano passado. Porém, em junho, as empresas de autopeças amargaram um prejuízo de 6,4%. O Sindipeças credita a queda ao racionamento de energia.
A Blastauto, que fornece peças para a Renault, vai ficar duas semanas sem faturar, afirmou o gerente administrativo, Francisco Montano Filho. A empresa também vende produtos para a Peugeot, no Rio de Janeiro, mas o volume é muito pequeno. "Eu não tenho espaço físico para estocar. Então, tomamos algumas medidas, como trabalhar em apenas dois turnos, em vez de três", explicou Montano Filho.
Na Koyo, outra fornecedora da Renault, cerca de dez funcionários da produção vão tirar folga durante os dez dias de paralisação da montadora francesa. Segundo o gerente administrativo-financeiro da Koyo, Rômulo Ewald, o faturamento de julho deve cair pela metade. "Está todo mundo perdendo em conjunto, e é uma situação de mercado, não há muito o que fazer", disse.
As 14 empresas fornecedoras de autopeças do condomínio industrial de Curitiba também costumam acompanhar o movimento das montadoras. Segundo Valdir Bobjanski, da área financeira do condomínio, muitas empresas aproveitam esse período para dar treinamento aos funcionários ou promover manutrenção das fábricas. "Todo mundo já trabalha no limite e, no dia-a-dia, não há tempo livre para atividades como essas."
Na Johnson Controls do Brasil, integrante do condomínio, parte dos funcionários participaram de treinamento de brigada de emergência quando a Audi deu férias coletivas aos funcionários, informou o gerente de Recursos Humanos, André Ramos. "Quem podia tirar férias tirou, quem não podia participou de cursos", afirmou.