O Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba e Região Metropolitana teme que a pretensão da DaimlerChrysler - não confirmada oficialmente -, de retomar a produção da picape Dakota em sua fábrica em Campo Largo (Região Metropolitana de Curitiba), seja uma manobra da empresa para evitar o fechamento da unidade e fugir do pagamento de multas contratuais com fornecedores e ICMS ao governo paranaense. Em 19 de abril, a montadora decidiu suspender totalmente a produção por quase três meses. O prazo termina em 30 de junho.
"O que pode acontecer é eles demitirem a maioria dos funcionários, produzirem 20 unidades por mês e jogar no lixo para não pagar as multas e o ICMS", raciocina o secretário geral do sindicato, Claudio Gramm. O fracasso da Dakota no mercado brasileiro foi o motivo alegado pela Chrysler para suspender a produção. Atualmente, a empresa mantém 246 funcionários em licença remunerada, até o final do mês.
A política de renúncia fiscal adotada pelo governador Jaime Lerner (PFL) para atrair indústrias ao Paraná deu prazo de cinco anos para o início do recolhimento do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços. O contrato do programa prevê que, em caso de fechamento da indústria, ela é obrigada a pagar, à vista, todo o valor devido. No caso da Chrysler, essa soma chega a R$ 100 milhões. Estima-se que a quebra de contrato com fornecedores geraria multas de R$ 200 milhões.
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Inaugurada em 1998, a fábrica nunca atingiu sua capacidade de produção instalada, de 40 mil picapes por ano. No primeiro trimestre deste ano, a produção não passou de 1,5 mil unidades -seu volume mais baixo. A notícia do projeto de retomada da fabricação da picape, com a redução do número de funcionários, foi divulgada pelo jornal econômico "Gazeta Mercantil".
A assessoria de imprensa da DaimlerChrysler, em São Paulo, não confirmou as informações e atribuiu "caráter especulativo" à notícia. Segundo a assessoria, a empresa só vai anunciar no final do mês o destino de sua unidade de Campo Largo.
A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Indústria e Comércio informou que, nos contratos do Estado com empresas beneficiadas pela isenção fiscal, não há cláusulas com a exigência de um limite mínino de produção.