A partir de hoje, todos os supermercados de Curitiba e região metropolitana vão adotar novo horário de funcionamento. De segunda a sábado, as lojas estarão abertas das 8 às 22 horas e aos domingos, das 8 às 13 horas. A medida foi acordada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Supermercados (Siemac) e pelo sindicato patronal em 29 de maio, mas sua aplicação estava sendo postergada porque as duas partes ainda estavam em negociação. A Delegacia Regional do Trabalho (DRT) do Paraná comunicou que vai fiscalizar com rigor o horário dos supermercados.
As grandes redes de varejo (Sonae, Extra, Wal Mart e Carrefour) não concordam com o novo período de funcionamento, alegando que vão ter prejuízos, além de deixarem o consumidor sem opções de horários para compras. Segundo Hudson José, gerente de Comunicação do Sonae, a medida provocaria 18% de prejuízo nas vendas, e a empresa iria ter que cortar 10% do quadro de funcionários.
O presidente do Siemac, Jorge Leonel de Souza, disse que os trabalhadores concordam com a manutenção do horário antigo, desde que as empresas aceitem algumas reivindicações. O sindicato quer a garantia de dois domingos de folga por mês para cada trabalhador, além de um abono. "Se eles dizem que vão ter prejuízo e por isso vão demitir, quando eles tiverem lucro eles também vão ter que repartir isso com a gente", opinou. O Siemac quer também que as redes que quiserem funcionar em horário prolongado contratem para isso 20% do quadro atual de empregados.
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Souza disse que o Siemac está aberto a propostas, mas que não abre mão da garantia de benefícios sociais. "Hoje é bom para o mercado, é bom para o consumidor que faz compras a hora que quer, mas ninguém vê que o empregado está sobrecarregado", comentou. Ele não soubre precisar, mas disse que há entre 12 e 13 mil pessoas trabalhando em supermercados de Curitiba, região metropolitana e Litoral.
Segundo Hudson José, do Sonae, a empresa vai cumprir o novo horário, mas ela vai continuar em negociação com os trabalhadores. Ele disse que há a possibilidade do mercado entrar na Justiça. "Se a legislação permitir, poderemos fazer isso, mas acredito que vamos sensibilizar o sindicato", afirmou.
Lívia Azevedo, diretora de Recursos Humanos do Wal Mart, também disse que acha que não vai ser preciso entrar na Justiça. "Essa seria a última cartada", considerou. "Vamos manter contato com o sindicato para tentar ampliar o horário de atendimento, mantendo benefícios e leis trabalhistas", acrescentou. O Extra, através da assessoria de imprensa, declarou apenas que "defende o direito constitucional de livre atividade". O Carrefour não retornou o recado deixado pela reportagem.