Há um descompasso importante nas vendas internacionais do Brasil e da região de Londrina na pós-pandemia.
Um levantamento da Folha com base no Comex Stat, plataforma de dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, mostra que enquanto o Brasil exportou 45% mais no quinquênio imediatamente posterior ao início da pandemia de Covid 19, entre 2020 - 2024, em comparação com o quinquênio anterior, entre 2015-2019, os cinco principais municípios da Região Metropolitana de Londrina, que chamaremos aqui de LACRI - Londrina, Arapongas, Cambé, Rolândia e Ibiporã, tiveram redução de 1,9% - de US$ 5,603 para US$5,497 bilhões.
Os números de Londrina são ainda piores, com encolhimento de 13,8%, de um total de US$3,691 para US$3,180 bilhões.
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Com pouca participação em suas matrizes dos principais produtos da pauta exportadora, com uma exceção ainda que relativa da soja, a região é um exemplo de que a indústria e os serviços têm um longo caminho até a internacionalização e estão fora do boom registrado entre 2015 e 2024, quando o Brasil incrementou em mais de 80% suas exportações.
Enquanto isso, no mesmo período, na metrópole que se espalha por cerca de 50 quilômetros às margens da BR-369, o acréscimo foi de apenas 20%. Sem mineração de ferro, sem usinas de açúcar e etanol importantes, sem fábricas de celulose e papel ou grandes frigoríficos de carne bovina, os LACRI sofreram um encolhimento importante na fatia das exportações brasileiras, de 0,76% em 2015 para 0,50% em 2024.
A diferença entre o ritmo das duas marchas - a nacional e a regional - revela um dos desafios da economia brasileira, excessivamente dependente das commodities para alcançar o mercado externo. Na realidade do interior, os municípios mais industrializados se destacam apenas como grandes importadores, caso de Cambé, Arapongas e Ibiporã.
O recorte dos últimos 10 anos de exportações revela que Rolândia é o único dos municípios protagonistas da região a ter consistência e volume nas vendas externas. O município que exporta açúcar, couro e carne de frango, tem um faturamento per capita quase cinco vezes maior que o nacional e 14 vezes maior que Cambé, a de pior desempenho entre as cinco.
Em Londrina, o valor da exportação per capita é praticamente o mesmo do Brasil, ainda que seja considerado um dos pólos nacionais de agronegócio.
Se os números não mentem e governos, agências de fomento e o empresariado já estão mais que cientes do enorme desafio de fazer do Brasil um protagonista do mercado global - apesar do crescimento expressivo ainda estamos distante do grupo dos 20 países que mais exportam, o mercado regional sabe ainda mais das consequências de uma acomodação de décadas destes atores em relação ao assunto.
O Brasil é um país no qual há um percentual baixíssimo de empresas que exportam e isso não tem se alterado (eram 0,8% em 2010 e 0,88% em 2023, contra 10% na Alemanha). O desempenho medíocre e os entraves que o explicam se tornam ainda mais incômodos quando o dólar está com a cotação nas alturas e, com a ausência de uma cultura exportadora, o trunfo competitivo escorre pelas mãos, restando apenas seus ônus.
"COM A CADEIA GLOBAL AINDA SE REORGANIZANDO, HÁ OPORTUNIDADES"
O empresário Ricardo Kono trabalha há 27 anos com comércio internacional, área em que fez graduação e depois fez dele cidadão do mundo, com experiência na indústria moveleira e em multinacionais que atuam na Zona Franca de Manaus. Hoje ele lidera a W.Trader, com sede em Arapongas e com filiais nos EUA e na China.
Leia a reportagem completa na FOLHA DE LONDRINA:
