O auditor da Receita Estadual, Luiz Antônio de Souza, suspeito de manter relações sexuais com dezenas de adolescentes em Londrina nos últimos anos, chegou a gastar cerca de R$ 15 mil em um único mês para bancar os programas. Souza foi preso no dia 13 de janeiro, quando o Ministério Público (MP) revelou a existência de um mega esquema de exploração sexual de menores no município. De lá para cá, outros seis homens e diversas aliciadoras foram detidos na cidade suspeitos de participar da rede.
Segundo a promotora da 6.ª Vara Criminal, Suzana de Lacerda, Luiz Antônio de Souza se relacionava com até três meninas por dia. O número de programas semanais, por sua vez, chegou a doze em diversas oportunidades, já que, conforme a promotora, o auditor costumava sair com meninas por quatro vezes por semana. "Cada uma delas recebia, em média, cerca de R$ 300 pelo programa", acrescentou Suzana. Ou seja, Souza chegou a gastar R$ 900 por dia, R$ 3,6 mil por semana e até R$ 15 mil em um único mês para bancar as relações sexuais. "Adolescentes ouvidas pelo Gaeco disseram que chegaram a fazer até 20 programas com ele", observou a promotora.
O auditor é investigado por participação na rede de exploração sexual e no esquema de cobrança de propina descoberto pelo MP na Receita Estadual em Londrina por meio da Operação Publicanos. Outras 30 pessoas, entre funcionários do órgão estadual e empresários, são investigadas sob a mesma acusação. Questionada se Luiz Antônio de Souza chegou a usar dinheiro supostamente proveniente de vantagem indevida para pagar as adolescentes, a promotora preferiu não responder, mas lembrou que o auditor tinha salário líquido de R$ 20 mil mensais, ou seja, incompatível aos gastos dele com as adolescentes.
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O auditor fiscal foi preso em janeiro em um conhecido motel de Londrina. Ele estava acompanhado de uma adolescente de 15 anos e da irmã dela, Carla de Jesus, que também foi presa na ocasião sob a acusação de aliciar a menor. Souza foi detido com R$ 22,5 mil em espécie. Parte do dinheiro (R$ 2,5 mil) iria ser utilizada para custear o programa com a adolescente, que seria virgem. "Ele disse que os outros R$ 20 mil faziam parte de seu salário e haviam sido sacados do banco de forma integral", contou Suzana, que lembrou que o fato motivou a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Londrina a abrir um processo para investigar um suposto enriquecimento ilícito do auditor fiscal. "Foi o início da apuração que descobriu o esquema de cobrança de propina na Receita", destacou.
Suzana de Lacerda afirmou, ainda, que o mega esquema de exploração sexual de adolescentes não para de aumentar em Londrina. "A promotoria recebe denúncias diárias. É uma coisa impressionante", disse. O número de vítimas, conforme ela, é estarrecedor. "Já são mais de 50 meninas identificadas e ouvidas".
A promotora ressaltou, também, que continua com o trabalho de identificação de novos suspeitos, e que novas prisões podem ocorrer na cidade na próxima semana.
Até agora, foram identificados e presos por participação na rede de exploração sexual o ex-delegado da Receita Estadual em Londrina, Jorge Luiz Favoretto Pereira, os auditores Luiz Antônio de Souza e Orlando Aranda, o fotógrafo e ex-assessor do Governo do Estado, Marcelo Caramori, o policial civil Jefferson dos Santos, o ex-vereador Alvair Avelino de Souza e Íris Matos Moreira, que, conforme o MP, seria o proprietário do motel Cinco Coelhinhos à época em que os crimes foram praticados. Os empresários José Eliseu da Silva Pereira e Renato Maestri de Menezes estão foragidos.