Um agente de disciplina da Casa de Custódia de Londrina (CCL) procurou, nesta quinta-feira, o Centro de Direitos Humanos (CDH) de Londrina para denunciar que parte dos funcionários responsáveis pela segurança do presídio estão sendo coagidos a pactuarem com os maus tratos contra os presos. Os agentes estariam sendo obrigados, inclusive, a apoiar os relatórios diários onde as agressões não seriam relatadas.
Segundo o denunciante, que pediu para não ser identificado, para diminuir a pressão pública sob a unidade, a segurança estaria fomentando as rixas entre os internos. O desentendimento mais recente teria ocorrida na tarde de ontem, quando um preso foi agredido por um outro interno.
Depois da sindicância na CCL, realizada no início de julho por determinação da Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania por causa de denúncias de tortura, o funcionário disse que houve uma reunião entre a chefia de segurança e os agentes, onde foi colocado que os maus tratos deveriam ser suspensos até que a pressão sob a CCL se amenizasse. De acordo com ele, a rixa entre internos seria a forma encontrada para manter a disciplina sob violência. Nos últimos dois meses, segundo ele, houve pelo menos cinco agressões.
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A última teria ocorrido ontem, quando o preso Lailor Rodrigues foi agredido por Vanderlei Barbosa da Silva. A família de Oliveira teria pedido para ele permanecer no ''seguro'' - ala especial separada dos demais presos - porque ele foi preso acusado de assassinar um primo de Silva, no Jardim União da Vitória (zona sul). Mas o pedido não foi atendido. ''Os 11 agentes ficaram só olhando porque tinha quase 100 presos no pátio. Ele só não morreu porque não tinha chegado sua hora'', detalhou.
O agente declarou que todos ''estão trabalhando coagidos'' e têm que aceitar os excessos, ''que sempre houveram''. Os presos também estariam sofrendo pressão para não formalizarem denúncias. Segundo ele, os desmandos são conhecidos pela direção da CCL. Em uma ocasião, segundo ele, um preso teria sido colocado no pátio e espancado por cerca de 20 agentes. O interno agredido ainda teria sido obrigado a gritar frases como ''a Casa de Custódia é dos agentes'' e ''eu não sou nada''.
Segundo suas denúncias, o sistema de câmeras de segurança seria manipulado: os aparelhos seriam desligados ou desviados para outra direção. ''Nunca concordei com isso e acho que ninguém concorda'', afirmou.
O coordenador do CDH, Gelson Gil, e o coordenador da região sul do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, Jorge Custódio, colheram o depoimento do agente e encaminhariam a denúncia para o Ministério Público. Gil destacou que essa denúncia ainda é mais contundente que a dos presos porque partiu de uma pessoa que trabalha na CCL. ''É preciso modificar a metodologia de trabalho'', afirmou. Ele disse que, se for necessário, o CDH poderá entrar com pedido de proteção em benefício do agente que fez as denúncias.