Um dos casos mais emblemáticos de 2016 foi registrado na noite de 11 de setembro. O empresário Joel de Paula, de 35 anos, teria reagido a um assalto e foi morto a tiros na própria residência, no Jardim Nova Londrina (zona norte de Londrina). Ele chegava em casa com a esposa e os três filhos, que assistiram tudo. De Paula tinha uma pistola e conseguiu atingir os dois assaltantes. Um deles morreu na mesma noite e o outro ficou internado até morrer no início de janeiro de 2017. A Polícia Civil prendeu mais um suspeito pelo crime, um deficiente físico, que seria vizinho da vítima e teria ajudado a planejar o crime. Ele cumpre prisão domiciliar com o uso de tornozeleira eletrônica.
De Paula era proprietário de um estacionamento no centro de Londrina e responsável por manter a casa, a mulher e os três filhos. A esposa, que pediu para não ter o nome divulgado, comenta o drama que a família enfrenta e o medo e a revolta por saber que um dos envolvidos está nas ruas. "Em 10 minutos perdi tudo. Tenho três filhos e não está nada fácil criá-los sozinha. Joel não era só o meu braço direito, mas a minha estrutura completa. Além de fisicamente, me completava sentimentalmente", desabafa.
A morte do empresário foi presenciada pelos filhos, que ainda sofrem com a lembrança. "Tenho três filhos, uma garota, que vai fazer 15 anos, um filho de 10, que é cadeirante, e outro que irá completar 3. Todos estão muito traumatizados. Esse assunto sempre me traz muita dor", afirma a viúva.
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O crime desestruturou a família. "Nossos projetos e sonhos se foram com ele", acrescenta. Após o assassinato do patriarca, a mulher e os filhos não retornaram ao imóvel no Nova Londrina. "Hoje vivemos com a minha mãe, não temos condições de retornar para nossa casa, onde tudo aconteceu, onde meus filhos viram o pai sendo morto", ressalta.
Segundo ela, a ausência de apoio trouxe ainda mais dor. "A falta de assistência por parte do poder público é muito grande. Não tivemos assistência alguma, nem mesmo dos Direitos Humanos. Ninguém nos procurou. Nem acompanhamento de psicólogos. Só recebemos apoio de familiares, amigos e clientes", afirma a mulher. "Ainda me sinto insegura. Principalmente em saber que um dos envolvidos está solto. Colocaram uma tornozeleira e o deixaram na rua de novo, pronto para fazer mais crueldade."
O coordenador da Comissão de Direitos Humanos (CDH) de Londrina, Carlos Enrique Santana, explica que os familiares precisam acionar o órgão para que qualquer tipo de ação possa ser tomada. "Entendemos a revolta, mas a família precisa nos procurar. Todos os casos nestas condições foram atendidos."