Um dos principais cartões-postais de Londrina, o Lago Igapó sofre com o progressivo assoreamento. A quantidade de terra e resíduos acumulada é tão grande que, em alguns trechos, a lâmina d’água não passa dos 30 centímetros de profundidade. Há um ano, o Instituto das Águas do Paraná concluiu um estudo para a limpeza e desassoreamento das quatro divisões do lago ao custo mínimo de R$ 3 milhões. Porém, sem recursos previstos, não há prazo para que o estudo saia do papel.
A Secretaria Municipal do Ambiente (Sema) informa que um levantamento mais complexo de toda a bacia do Ribeirão Cambé segue em curso para mapear os pontos de emissão de sedimentos. O diretor técnico da Sema, Thiago Augusto Domingos, ressalta que fazer o desassoreamento sem conter novas emissões é uma medida paliativa com resultados de pouca duração. "Nosso objetivo macro é identificar e evitar que mais sedimentos sejam despejados no lago. Isso envolve uma série de fatores que vai da fiscalização à conscientização", argumenta.
Pelo levantamento do Instituto das Águas, o Lago Igapó possui 321 mil metros cúbicos de sedimentos, entre areia fina, silte (fragmento de rocha) e argila. O estudo aponta, ainda, que o Lago 2 é o mais assoreado, com 99 mil m³ de sedimentos em 171 mil m² de área total, seguido pelo Igapó 3, com 18 mil metros cúbicos de resíduos em 45 mil m² de área. O Lago 4 aparece na sequência, com 4 mil m³ de sedimentos em 13 mil m² de área. Já o Igapó 1 tem área total de 420 mil m² e 110 mil m³ de material.
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Ao longo de 57 anos de existência, o Lago Igapó foi esvaziado cinco vezes. A primeira ocorreu nos anos 1970, em um plano de limpeza da gestão do prefeito à época, Dalton Paranaguá. Na década seguinte, foram realizadas duas grandes limpezas no lago. Há 20 anos, na gestão de Luiz Eduardo Cheida, o objetivo do esvaziamento foi combater os esgotos clandestinos. Por fim, em 2001, o então prefeito Nedson Micheleti esvaziou o Lago 2 para reparos na ponte da Avenida Higienópolis. O desassoreamento prometido, no entanto, não foi concluído.
ALTERNATIVAS PARA LIMPEZA
O estudo aponta três alternativas para a limpeza do lago. A primeira delas, mais barata (R$ 3 milhões) prevê o esvaziamento do lago e a retirada da terra por caminhões. A desvantagem é o grande impacto ambiental. A segunda, eleita a mais viável pelo instituto é a drenagem convencional, com dragas a sucção e recalque. Para essa técnica, seriam necessários 12,5 milhões. A terceira opção, dragagem com depósito em tubos geotêxtil foi considerada inviável pelo alto custo, cerca de R$ 27 milhões.
Fernando de Barros, mestre em Engenharia de Edificações e Saneamento, explica que o Igapó é alvo de dois tipos de poluição: a difusa, que são todos os resíduos jogados nas ruas e que são levados pelas galerias pluviais; e a pontual, na qual se enquadram as emissões de terra por construções. "Apesar de a poluição pontual ter sido responsável pela maior parte do assoreamento, é preciso atenção especial nos dois casos, o que envolve também a questão da conscientização de cada cidadão. Todos nós somos responsáveis", analisa.
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