A declaração do diretor de sistemas da Secretaria de Estado da Saúde, Mário Lobato da Costa, na edição desta quarta-feira da Folha, de que há dez leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) sobrando em Londrina, causou reação entre pessoas ligadas ao setor.
Para o médico e vereador Tercílio Turini (PSDB), a estatística que mostra esse número ''deve ter sido realizada na década de 50''. Ele acredita que o Estado deveria aumentar a carga de investimentos no setor de saúde para resolver os problemas inseridos no sistema há muito tempo.
Entre a noite de segunda-feira e a madrugada de ontem, quatro pessoas morreram no Hospital da Zona Norte (HZN) à espera de uma vaga em UTI. Uma quinta pessoa veio a óbito quando estava na ambulância sendo transportada para o mesmo hospital. ''Esses pacientes não deveriam nem passar pela porta do hospital. Elas precisavam de atendimento em um hospital de alta complexidade'', disse o diretor-geral do HZN, Paulo Gutierrez.
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Turini afirmou que todos hospitais de Londrina que atendem casos de emergência estão passando por um período de estrangulamento dos serviços, por causa da grande quantidade de pacientes e da pequena estrutura. Segundo ele, durante o final de semana, quando esteve trabalhando no Hospital Universitário (HU), existiam pelo menos oito pessoas no pronto-socorro (PS) esperando uma vaga na UTI. ''Os hospitais chegaram a seu limite'', declarou.
O vereador informou que na segunda-feira deverá ocorrer uma reunião na Câmara Municipal para discutir o assunto. ''O governo do Estado tem condições de triplicar os investimentos no setor de saúde'', ressaltou.
O representante da zona norte no Conselho Municipal de Saúde, Sebastião Francisco Rêgo, entende que Londrina está sobrecarregada, por causa dos inúmeros moradores da região que buscam atendimento nos hospitais do município. Ele não só discorda da posição do Estado, como acredita que os 20 leitos de UTI recém-solicitados pelo município não serão suficientes.
Joelma Carvalho, que representa a Zona Sul no mesmo conselho, afirmou que os hospitais das Zonas Norte e Sul não estão capacitados para atender casos de emergência, apenas ambulatoriais. O diretor-administrativo do HZS, Elzo Carreri, declarou que pacientes que apresentam situações de risco, não podem ficar esperando tanto tempo por um leito de UTI, como ocorreu nos últimos dias.
Para Antônia Pereira, nora de Arlindo Silva Pereira, 73 anos, um dos que morreu no HZN, frisou que apesar dos graves problemas respiratórios que apresentava, seu sogro poderia viver por um tempo maior. ''A gente é pobre e não tem como pagar. Quando precisa de um médico, acontece isso'', lamentou.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que pretende reverter, ainda neste ano, a situação do déficit de leitos nas UTIs do Estado. Segundo a assessoria, o secretário Cláudio Xavier apresentou, nesta quarta-feira, ao ministro da Saúde, Humberto Costa, em Brasília, o projeto de criação de mais 279 leitos de UTI (adulto, pediátrica e neonatal). A medida, se aprovada, acabará com o déficit de 172 leitos existente atualmente. O Paraná possui, hoje, 803 leitos de UTI com atendimento pelo SUS.