O promotor de Defesa dos Direitos e Garantias Constitucionais e da Saúde Pública, Paulo César Vieira Tavares, pede nesta quinta-feira à Unidade Básica de Saúde do Parque das Indústria Pesada (zona sul) e ao Hospital Zona Sul os prontuários da auxiliar de enfermagem Isabel Cristina Fidelix Ramos, 29 anos, a primeira pessoa a morrer por consequência da dengue hemorrágica em Londrina, na última sexta-feira.
Tavares ouviu ontem a irmã de Isabel, a também auxiliar de enfermagem Cláudia Fidelix Ramos Martins, e vai instaurar um procedimento administrativo para investigar o diagnóstico dos quatro médicos e o tratamento a qual Isabel foi submetida antes de falecer.
O depoimento, ocorrido à tarde, durou cerca de meia hora. Nele, Cláudia contou com detalhes tudo o que ocorreu com a irmã desde o domingo dia 23, quando surgiram os primeiros sintomas da doença.
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Segundo a auxiliar de enfermagem, um total de quatro médicos examinaram a paciente durante os seis dias de enfermidade. Apenas o último, que examinou Isabel pouco antes do óbito, pareceu ciente da gravidade da situação.
O promotor Paulo Tavares pretende ouvir, nos próximos dias, os médicos, enfermeiros e servidores envolvidos no atendimento, diagnóstico e tratamento de Isabel. Mas garante que as informações repassadas por Cláudia são mais que suficientes para iniciar uma investigação.
''Inicialmente, a responsabilidade é do município e do Estado, já que eles é que disponibilizam o serviço de saúde que atendeu a Isabel'', lembra o promotor.
Ele diz que, de início, a situação pode resultar em uma ação de indenização por danos morais. ''Só depois de aprofundadas as investigações poderemos dizer se existe responsabilidade criminal dos profissionais que examinaram Isabel'', ressaltou.
Cláudia foi à audiência acompanhada do marido e de Edson Cunha, coordenador do conselho de Saúde do Parque das Indústrias.
Mostrando-se ainda muito abalada, a irmã de Isabel, que trabalha no posto de Saúde da Vila Casoni (área central), reiterou que houve negligência médica. ''Eu sei que está difícil de trabalhar, os postos e hospitais estão lidando como podem com a epidemia, mas isso não justifica o que ocorreu com minha irmã'', desabafou.
''Uma morte pode até ser pouco se você faz uma estatística da doença, mas para quem perde um ente querido, estatística não vale nada''.
O médico Gilberto Martin, diretor da 17 Regional de Saúde, disse ontem que será aberto um inquérito administrativo, para avaliar a conduta dos profissionais envolvidos no atendimento de Isabel no Hospital Zona Sul, mantido pelo governo estadual. '
'Todas as medidas administrativas que tínhamos que tomar já tinham sido tomadas'', afirmou. ''Não podemos admitir atendimento indevido de um paciente que apresenta sintomas de dengue hemorrágica''. Segunda-feira, a regional repetirá o treinamento para a epidemia de dengue com todos os médicos do hospital