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História de superação

Na saúde e na doença: casal de Londrina enfrenta batalha contra as sequelas do câncer e da meningite

Bruno Souza - Especial para o Portal Bonde
14 out 2024 às 15:53

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Um casal de Londrina leva à risca um dos juramentos mais importantes do casamento: o de amar tanto na saúde como na doençaKeiliziane de Faria Oliveira, de 37 anos, e Carlos Gabriel Honório, de 41, enfrentam juntos as sequelas do câncer e da meningite e, imersos em uma constante tempestade, tentam encontrar no amor e na fé o alicerce para não sucumbir à ventania.


Keili - maneira como a psicóloga prefere ser chamada - diz que a sua vida é um "turbilhão de emoções". Ela relata que tudo começou com um incômodo no seu mamilo direito, que logo evoluiu para pontadas e manchas na pele. Um pouco antes, ela já percebera a necessidade de tratar um problema no útero e aguardava para retirar alguns miomas. "Lembro que marquei com o oncologista duas vezes, mas precisei desmarcar por conta do trabalho."

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No mesmo período em que já pensava em procurar tratamento médico, outro assunto passou a ter mais importância. Carlos se programou para uma cirurgia de retirada das amígdalas, por causa da sinusite, para, em seguida, dar atenção total à cirurgia da retirada dos miomas de Keili. 

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"Lembro dele dizendo que, como seria mais tranquila [a cirurgia de sinusite], em sete dias já estaria recuperado e depois me ajudaria com a minha cirurgia de miomas, que, pelo programado, seria maior."

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O procedimento, que deveria ter sido simples, teve complicações médicas que colocaram a relação de Keili e Carlos novamente em um furacão. "Infelizmente, ele acabou sendo vítima de complicações médicas que acarretaram em vários problemas graves. Então, começou a batalha pela vida. Por causa da meningite, teve vários AVCs (Acidentes Vasculares Cerebrais), AVCI (Acidente Vascular Cerebral Isquêmico), infecção no cérebro, hemiparesia [paralisia no rosto]", relembra a psicóloga. 

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Em pouco tempo, a vida do casal virou de ponta-cabeça com os dois enfrentando duas das doenças mais mortais e agressivas do mundo.

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Dois meses na UTI


Após um período de quase dois meses na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), Carlos conseguiu apresentar melhora no seu estado de saúde, mas os problemas de Keili, que já davam sinais, foram negligenciados devido ao cuidado integral ao marido. 

Em setembro de 2023, com ele já voltando a se locomover, a psicóloga passou a se cuidar novamente, agendando consultas, exames e biópsia. Começava aí mais um capítulo marcante da história do casal.

Novos percalços 


Passados alguns dias da melhora aparente do operador de logística, ele sofreu um novo AVC e uma crise convulsiva, precisando ser instalado novamente da UTI. Um tempo depois, os exames feitos por Keili também chegaram. Estava oficialmente diagnosticada com Carcinoma Ductal Invasivo do tipo HER 2 +, uma espécie de câncer agressivo na mama.

"Eu estava sozinha no quarto quando abri o resultado. Pensei: 'deve ser uma grande brincadeira'. Depois de tudo que já havíamos enfrentado, eu só conseguia pensar nos meus pais, pois há cinco anos tínhamos perdido meu irmão por causa de um tumor cerebral. Somos uma família cristã e de muita fé. Pedi a Deus: 'Senhor, cuide deles, dê forças a eles", recorda.

Tratamento contra o câncer 


Após o seu diagnóstico, Keili conta que começou uma "nova batalha". O câncer estava em um estágio avançado e o tratamento tinha urgência para começar. De mãos atadas, os familiares se apegaram à única alternativa viável a eles, as orações.


"O tratamento foi muito pesado. Eu apresentei todos os efeitos colaterais esperados e as intercorrências também. Na primeira transfusão de sangue, tive complicações cardíacas. Durante o tratamento, tive complicações sérias que me levaram à internação."

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O tratamento intensivo debilitou a psicóloga. "Terminei as seis quimioterapias muito debilitada fisicamente. Tive Neutropenia Febril [febre que pode levar à morte]. Como estava muito mal, precisei de internação. Recebi transfusão de sangue pela segunda vez. Foi um momento muito sofrido", salienta.

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Todo o tratamento de Keili foi feito no Hospital do Câncer de Londrina. Ela ressalta que os profissionais fizeram toda a diferença. "Amo todos que passaram direta ou indiretamente por mim."

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A cura


Os médicos decidiram fazer a mastectomia radical em Keili - procedimento cirúrgico que consiste na remoção total da mama afetada pelo câncer -, além do esvaziamento axilar do lado direito. A cirurgia foi um sucesso e o médico contou a boa notícia que a psicóloga tanto aguardava.


"Foi uma cirurgia muito mais rápida que o previsto. Quando retornei ao médico, ele empurrou um papel e disse: 'você acertou o bilhete premiado da loteria'. Eu não entendi, então ele disse: "você está curada, não há mais lesões, removemos tudo."


Religiosa e extremamente feliz com a sua recuperação, ela viu nas palavras do profissional o milagre que tanto pedira. "Mais uma vez, vi a mão de Deus cuidando e zelando de cada detalhe."


Amigos e solidariedade


Desde o começo do "furacão", o casal sobreviveu com a ajuda de amigos, familiares e pessoas próximas. Carlos se afastou do ofício que tinha há dez anos e Keili foi demitida dos dois trabalhos que tinha, pois precisou se dedicar à saúde do esposo.


Carlos só passou a receber o auxílio-doença em dezembro de 2023, cerca de quatro meses após se afastar do trabalho. O casal sobreviveu por meio da solidariedade de conhecidos e do seguro-desemprego de Keili. 


A rotina também mudou. Os dois precisam fazer fisioterapia duas vezes por semana, além de acompanhamento com neurologista, para ele, e imunoterapia, para ela, a fim de evitar a volta do câncer. "Estamos reaprendendo a viver nesse novo molde. Não é fácil, mas é possível e estamos no caminho. Enquanto houver fé, há esperança e muito amor."


Carlos voltou a andar e a falar, mas apresenta sequelas irreversíveis. Segundo a esposa, ele deverá se aposentar em breve devido à condição física e neurológica. Ela afirma que os médicos ficaram abismados com a evolução do operador de logística. 


"Quando os médicos olham o tamanho da lesão, falam que é impossível ele fazer o que faz. Era para estar na cama. Ele tem a mão comprometida e o rosto paralisado, mas anda. Os médicos não conseguem explicar."


Para ajudar o casal com qualquer quantia, acesse a chave pix: [email protected].


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