Seis meses se passaram e nenhuma melhoria foi realizada no Cemitério do Heimtal, zona norte de Londrina. Em julho de 2017, a reportagem publicou uma matéria sobre o abandono e a destruição dos jazigos com quase 90 anos, que se desmancham, apagando a lembrança dos colonizadores. Na ocasião, o município informou que teria um plano de ação para revitalizar a necrópole. Porém nada mudou. Pelo contrário, a situação se agravou.
Além da deterioração e da depredação, as velhas árvores no interior e ao redor do cemitério ainda ameaçam destruir as sepulturas. Condenadas, as árvores estão prestes a tombarem sobre os jazigos. Algumas estão escoradas no muro do cemitério, muro que é baixo e também está danificado, com várias rachaduras e buracos. O terreno ao lado ainda é usado para o descarte irregular de lixo. Muitos bichos são atraídos para o local.
Na ocasião, a Acesf (Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina) informou que tinha um plano de ação para o cemitério. O superintendente da autarquia, Douglas Pereira (Tio Douglas), reuniu-se com representantes da Secretaria Municipal de Cultura e do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina). Até mesmo um historiador foi consultado. A intenção era elaborar projetos de revitalização para o espaço, que é quase centenário. Em ruínas, há lápides que apresentam datas de nascimento do século 19. A Acesf tentaria identificar os proprietários dos jazigos mais antigos para evitar que a história desapareça de vez.
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Inaugurada em 1931, a necrópole abriga os restos mortais dos primeiros colonizadores da região, principalmente alemães e húngaros. "A ideia foi formar uma comissão. Primeiramente, ela visa garantir a conservação do local, sem alterar as características históricas", explicou Pereira. "Tivemos acesso a importantes documentos, como o que dispõe sobre o patrimônio artístico e histórico-cultural de espaços já tombados em Londrina. Irei estudá-lo para ter a certeza se o Cemitério do Heimtal está listado neste documento", disse em julho.
A comissão prepararia as primeiras melhorias para o espaço, incluindo mudanças para facilitar a acessibilidade. "De início será [seria] realizada a pintura. Na sequência, a poda de árvores. Este cemitério passou por poucas intervenções durante anos. Além das melhorias de pavimentação, a ideia é reforçar a iluminação. O trabalho deve começar neste fim de semana", comentou na época.
Guardiã não viu nem ‘espírito’
A dona de casa Maria Helena Bernardes mora em frente ao cemitério e é considerada a guardiã do espaço. Ela diz que a movimentação de agentes municipais só ocorreu dias após a publicação da reportagem, mas que nenhuma melhoria foi realizada até 2018. Na última sexta-feira (19), o próprio superintendente da autarquia, Douglas Pereira, admitiu que nada mudou no local.
"Infelizmente, nada foi decidido. Com tantos eventos recentes urgentes que aconteceram em cemitérios da área urbana, como a queda de muros, acabamos priorizando as obras de reparos emergenciais", conta, revelando que ainda não recebeu projetos dos demais órgãos envolvidos na comissão.
"Ainda não recebi nenhum projeto dos outros órgãos. Aliás, retomarei esse assunto nos próximos dias. Por meio de outro ofício, vou cobrar um posicionamento de cada envolvido", afirmou Pereira. "Infelizmente, nós [Acesf] não temos condições de fazer tudo sozinho, apesar da intenção, que é de cuidar daquele local. Um espaço que deve ser preservado devido ao patrimônio histórico", ressalta Tio Douglas.