A Ong Meio Ambiente Equilibrado (MAE) começa um inédito estudo sobre um animal importantíssimo para a fauna brasileira, classificado como ameaçado de extinção, mas ainda bastante presente na vida rural de Londrina: a anta (Tapirus terrestres). O projeto chama-se "Caminho das Antas" e é financiado pela Fundação O Boticário.
Durante os próximos dois anos, biólogos e técnicos da Ong MAE estarão em campo nos municípios de Londrina, Apucarana e Arapongas em busca do maior mamífero terrestre da fauna brasileira. O projeto "Caminho das Antas" tem investimentos de R$ 71.090,00 da Fundação O Boticário que, somados aos R$ 27.350,00 da Ong MAE (1 veículo e equipamentos de campo) totalizam R$ 98.440,00 para a pesquisa.
A anta desempenha um fundamental papel ecológico nas florestas tropicais porque, pelo seu porte, consegue alimentar-se de espécies vegetais com frutos grandes, quase uma raridade na fauna.
No projeto, a anta é considerada como espécie bandeira de preservação porque só sobrevive em ambientes bem preservados, com bons recursos ambientais, hídricos e florestais. Laboratório de Biodiversidade e Restauração de Ecossistemas (LABRE/UEL) e a Promotoria do Meio Ambiente de Londrina são parceiros da pesquisa.
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Até 2016, os pesquisadores da Ong vão entrevistar agricultores, seguir rastros e pegadas e instalar câmeras trapp (com disparo por movimento em frente à lente) em árvores, para saber por onde os animais circulam na área dentro da Mata dos Godoy e na zona de amortecimento ao redor e em toda a área da bacia do Ribeirão dos Apertados (região rural ao sul de Londrina).
A partir do mapeamento das rotas preferidas pelas antas dentro das propriedades rurais, será possível, com precisão, indicar áreas prioritárias para a conservação em Londrina, com base no estado de preservação das florestas existentes e das conexões entre fragmentos úteis para a vida da espécie.
"A anta tem sido registrada em diversos fragmentos florestais e áreas próximas de plantações e pastos em Londrina. O problema é que a baixa conectividade entre as áreas verdes torna os habitats dela isolados. E esses animais acabam vagando por áreas descampadas, sem proteção, vulneráveis à caça e longe do abrigo seguro que precisam ter", diz o biólogo Marcelo Arasaki, integrante do projeto.
Arasaki é testemunha da própria fala: no ano passado, durante o Projeto Londrina Verde, flagrou uma anta totalmente perdida, correndo sem rumo, em meio a áreas de colheita e pastagens entre os distritos de São Luís e Guaravera (zona rural sul). "Não há como não ficar espantado com a cena".
"O norte do Paraná conhece pouco sobre a ecologia de populações de antas. O que sabemos é que elas são, com certa frequência, vistas por agricultores de várias regiões, além dos registros pela equipe da Ong MAE dentro da área que delimitamos no projeto", afirma o biólogo da organização.
Antes do trabalho de campo, os biólogos, com imagens de satélite do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) vão mapear os fragmentos florestais mais importantes próximos à Mata dos Godoy e Ribeirão dos Apertados (veja área do projeto na imagem) para estabelecer quais são os corredores ecológicos ideais para a vida das antas, gerando dados sobre a cobertura florestal na área onde, suspeita-se, a ocorrência do Tapirus terrestris seja maior, em razão da proximidade com o Parque Estadual.