As professoras dos CEIs (Centros de Educação Infantil) filantrópicos saíram às ruas na manhã deste sábado (26) para cobrar uma recomposição salarial que teria sido prometida pelo prefeito de Londrina, Tiago Amaral (PSD), durante sua campanha eleitoral. A principal reclamação da categoria é a diferença salarial, de cerca de 50%, em comparação com os docentes dos CMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil), que exercem a mesma função e carga horária.
Presidente do Sinpro (Sindicato dos Profissionais das Escolas Particulares de Londrina e Norte do Paraná), André Cunha, explica que a mobilização vem de encontro a ausência de uma negociação com a Prefeitura de Londrina para uma recomposição salarial dos professores das 71 CEIs filantrópicos da cidade. Segundo ele, essa foi uma promessa feita durante a campanha do atual prefeito.
A mobilização neste sábado ocorreu em frente à Secretaria de Educação de Londrina e, por alguns minutos, ocupou a rua Humaitá e a avenida Maringá. Com gritos de “se não aumentar, nós vamos parar”, os professores cobram do município a valorização da categoria por meio da recomposição dos salários.
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Cunha explica que existe uma diferença salarial muito grande entre as professoras que atuam nos CEIs filantrópicos das que atuam nos Centros Municipais de Educação Infantil. “Elas têm a mesma carga horária, o mesmo conteúdo programático, são cobradas pela secretaria de Educação da mesma maneira, sofrem pressão das entidades que são mantenedoras e têm um salário de menos da metade de uma professora de CEI municipal”, detalha, complementando que a diferença salarial é de R$ 2,3 mil para professores das unidades filantrópicas e passa de R$ 4,5 mil para as que atuam nas municipais.
O último reajuste significativo, de acordo com o presidente, foi em 2023, seguido de alguns repasses inflacionários. Entretanto, ele detalha que Amaral esteve com o sindicato durante a campanha, quando prometeu ao menos 30% de recomposição salarial. “E é isso que nós estamos buscando”, afirma. Na última quinta-feira (24) os membros da diretoria do Sinpro estiveram na prefeitura e conversaram com o prefeito, sendo que o encontro, na visão de Cunha, só foi possível graças às mobilizações.
“Eles alegaram que existem déficits orçamentários herdados da administração anterior”, explica, complementando que o prefeito e os chefes de algumas pastas estariam fazendo cálculos para apresentar uma proposta de recomposição salarial para os próximos anos. Uma reunião está marcada para a próxima quarta-feira (30) com representantes das secretarias de Fazenda e de Gestão Pública, em que o assunto será debatido.
Para André Cunha, a recomposição salarial é uma questão de dignidade para os cerca de 1,2 mil professores que atuam nos CEIs filantrópicos e cuidam de mais de 8 mil crianças. “A categoria cansou de esperar. Agora nós queremos uma solução”, reforça, destacando a importância de estar em mobilização para levar ao conhecimento de toda a população sobre a importância dos professores na educação das crianças.
Desvalorização da categoria
A professora Luiza Aparecida Arcanjo Serrano, 52, afirma que o sentimento é de discriminação com a diferença salarial, já que o trabalho exercído é o mesmo. Ela ressaltou que Amaral disse que a recomposição deve vir a longo prazo: “só que a mudança do salário deles não foi a longo prazo. Eles não pensaram nas dificuldades do município, ele mal entrou e fez, então porquê não pensar em nós também?”, questiona, complementando que, até chegar ao cargo de prefeito, Amaral precisou passar pela educação infantil.
“As professoras se sentem mal com essa postura dele”, afirma. Segundo ela, o amor é o ingrediente a mais que toda a professora da educação infantil tem no dia a dia com as crianças. “A educação infantil é a base para todas as profissões, então precisa ter esse olhar para a categoria e para as professoras”, aponta.
Há 19 anos dentro da sala de aula na educação infantil, Tatiane Rodrigues, 49, afirma que um professor que sabe que é valorizado trabalha com mais ânimo e entusiasmo. “A gente que se sentir valorizado porque nós amamos a nossa profissão e fazemos tudo com amor, mas nós precisamos ser valorizados porque nós somos pais e temos despesas”, frisa a professora.
Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Londrina disse estar “empenhada na busca por uma solução para as demandas da categoria" e que “entende a necessidade de valorização dos salários”. Entretanto, ressaltou que o fato de ter herdado um orçamento sem a previsão de uma reposição salarial causou “supresa e indignação” na atual gestão.
De acordo com a nota, o déficit orçamentário é de cerca de R$ 300 milhões, sendo R$ 88 milhões apenas na Secretaria de Educação. “Apesar desse cenário, a gestão está procurando alternativas para atender a demanda da categoria”.
“A atual gestão considera também que é importante esclarecer que as discussões de aumento salarial devem ser feitas também com as próprias instituições, que são as contratantes dos profissionais, já que não há um vínculo direto da prefeitura com eles”.
