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Pressão no trabalho

Psicólogas procuram vítimas de assédio moral

Redação - Folha de Londrina
20 jun 2003 às 20:47

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A pressão no trabalho por desempenho faz parte do cotidiano, não é surpresa para a maioria dos trabalhadores. O que deve ser novidade é que a intensidade e o modo de influenciar o funcionário podem ser considerados crime.

O assédio moral é um tipo de situação que ocorre diariamente nas relações de trabalho. Segundo a psicóloga Cristiane Cruciol, ameaças de demissão e chantagem sobre promoções são as formas mais comuns usadas por patrões para pressionar empregados.

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Dois grupos de psicólogas de Londrina estão agora fazendo um trabalho de orientação e tratamento para vítimas de assédio moral. O atendimento é gratuito e coordenado em parceria por professoras da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Centro Universitário Filadélfia (Unifil).
''Precisamos da iniciativa popular agora em comunicar os fatos. A pessoa não precisa se identificar. Se não quiser apoio psicológico pode apenas contar a história para contribuir com a nossa pesquisa'', declarou Cristiane, que coordena o grupo da UEL.

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As estatísticas do desemprego e o excesso de oferta de mão-de-obra são usados pelos chefes para pressionar os funcionários por desempenho. ''Se você não estiver satisfeito, há uma fila de gente querendo trabalhar aqui'' - a frase é uma das formas mais comuns de assédio moral, contam as psicólogas.

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A maioria dos casos têm um perfil comum. Normalmente, ocorre quando não há testemunhas. De acordo com Edelwais Keller, que coordena desde o ano passado, o Programa de Apoio Psicológico para Pessoas que Sofrem Humilhação no Trabalho, na Unifil, esse tipo de relacionamento pode afetar o desenvolvimento psíquico do trabalhador.


''Hoje, a sociedade prima pela produtividade. De acordo com a evolução histórica do trabalho, a maior influência era do ambiente, hoje é das relações de trabalho'', disse.

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''O controle sobre o trabalhador é feito de forma velada. Pode ser através de ameaça, o método talvez mais conhecido e comum. O reconhecimento ou promoção de cargo, quando usado em excesso, também se torna assédio'', revelou Cristiane.


Outra forma de assédio moral é a vigilância constante do chefe sobre o funcionário. ''Na maioria das vezes a cobrança é feita com humilhação. A pessoa é subjugada, desqualificada. É um desrespeito ao ser humano, acima do desrespeito ao trabalhador'', afirmou a professora da UEL.

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Uma pressão de intensidade regular, feita baseada em metas e desafios, é considerada normal. Segundo Cristiane, a cobrança que caracteriza o assédio é incoerente e infundada. Na maioria das vezes, o assédio moral ocorre de modo sistemático.


Os casos também são frequentes no serviço público, apesar ou por causa da estabilidade. Os funcionários são subutilizados ou abandonados por questões políticas, já que não podem ser demitidos. ''Já houve casos de funcionários públicos que tiveram depressão, síndrome do pânico, divórcio. São relações de trabalho perversas'', disse Cristiane. As consequências do assédio sistemático são problemas emocionais, baixa auto-estima, sentimentos de impotência e incompetência.

Um conselho para as vítimas é manter uma espécie de 'diário de bordo' para compor o cenário do assédio. As psicólogas sugerem que as empresas instalem comissão de ética, espaço para manifestações de funcionários e programas de bem-estar. ''A ausência de casos de assédio moral é melhor para a própria empresa'', disse Cristiane.


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