Estagnação. Essa é a palavra que está na boca dos empresários londrinenses desde o início do ano, quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência da República. Segundo a Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), o número de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) diminuiu 5% em julho, com relação ao mesmo período do ano passado. Para Marcelo Cassa, diretor da entidade, essa redução pode refletir em uma queda de até 30% no faturamento do comércio varejista da cidade.
A Federação do Comércio do Paraná (FCP), em conjunto com o Sincoval (Sindicato do Comércio Varejista de Londrina), vem desenvolvendo uma pesquisa de desempenho no setor varejista da cidade desde março, e os resultados devem ser divulgados no início de agosto. Mas, segundo Daniel Weiner, do setor de pesquisas da federação, a projeção de retração em 30% no faturamento do comércio da cidade é coerente. ''As primeiras observações feitas no setor indicam que são números aceitáveis'', diz.
E apesar de ainda não terem presenciado redução semelhante na prática, os empresários de Londrina fazem coro quando se referem à estagnação econômica. ''Nosso comércio permanece sem crescimento nem retração desde o começo do ano'', conta Antônio Carlos Marques, gerente de uma loja de produtos populares.
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Em uma loja de móveis e eletrodomésticos da cidade, cujo gerente preferiu não se identificar, o marasmo econômico se confirma. Especializada em vendas por crediário, a empresa, segundo seu gerente, também não apresenta variações significativas em seu faturamento desde o início do governo Lula.
Do outro lado do negócio está o consumidor, que vê por seis anos seguidos seu poder de compra sendo reduzido. E as soluções são, como sempre, a pesquisa de preços à base de muito boa vontade, além da fidelização aos bons preços em troca da fidelidade às marcas. ''Só saio para comprar roupas e eletrodomésticos em casos de extrema necessidade, e procuro sempre por promoções'', diz Ivone de Oliveira Torres. ''E no supermercado, além de reduzir o volume de compras, tenho buscado marcas mais baratas, mesmo que sejam de qualidade inferior''.
A mudança de comportamento do consumidor é confirmada por gerentes de grandes supermercados de Londrina. ''O volume de vendas de marcas de menor valor subiu bastante esse ano'', conta Valdecir Valentin, gerente de um supermercado da cidade. Segundo ele, o receio causado pelo desconhecimento com relação a algumas marcas foi vencido pela procura por preços mais em conta. Em outro supermercado de Londrina, a gerente Iraci Flávio da Silva conta que a cliente se tornou fiel às promoções e liquidações. ''A mudança de comportamento é evidente''.