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Pelo Amigo

Visita de cães leva alegria a lar de idosos

Walkiria Vieira -NOSSODIA
05 out 2016 às 18:51

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- Anderson Coelho
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Os latidos da mascote Lola nem de longe incomodam os idosos atendidos pelo Lar dos Vovôs e das Vovós Gilda Marconi, na Vila Nova, em Londrina. Debaixo da árvore, idosos recebem, um a um, o carinho dos visitantes de quatro patas. Meg e Marley, cachorros de voluntários, também participam da dinâmica.

A atividade realizada na última sexta-feira (30) é a primeira do projeto em parceira da Secretaria do Idoso e a ONG SOS Vida Animal. De acordo com a veterinária Cristina Tanaka, a cinoterapia é uma abordagem terapêutica que tem como diferencial o uso de cães como co-terapeutas e traz resultados.

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"Estou maravilhada com a presença de tantos idosos. A experiência com pacientes com problemas de locomoção, por exemplo, mostra que a presença do animal promove o desprendimento e uma mudança muito boa", relata. Sobre os pré-requisitos dos caninos, simplifica: "Não existe perfil específico. O animal só precisa ser dócil e aceitar ser manuseado", explica.

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Na expectativa pelo início da atividade que será realizada uma vez por semana, a assistente da unidade, Marta Rosa, a prática é muito positiva. "Tivemos uma ação semelhante anos atrás e observamos uma melhora na autoestima dos idosos. Ficam mais felizes e o momento traz à tona vivências, afinal muitos deles já tiveram um cachorro ou contato".

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A vice-presidente da instituição, Maria Júlia Dutra Barros, também comemora a iniciativa. "Sabemos que haverá um rodízio entre outras instituições para idosos e queremos que voltem a nos visitar sempre."


Benefícios da interação

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De colo em colo, Marley ganha mimos. Por um longo tempo, nos braços da idosa Olinda Alves Predrozo, 68 anos, escolhe ficar. "Eu tinha cachorro. Era pequenininho, eu dava comida na hora certa, banho quando precisava e a gente passava horas. Mas roubaram o Fred. Era peludinho e me esperava chegar no portão", conta.


Encantada com a visita dos três cachorros, dona Olinda revela: "Estou aqui há um ano e nunca vim aqui no jardim. Nunca saí lá de dentro e quando soube que tinha cachorro, vim ver." A técnica em enfermagem Ângela Garcia, 35 anos, confirma a informação. "Ela nunca saiu, mesmo". E vovó Olinda acrescenta: "São os melhores amigos e só não gosto que maltratem."

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Para a psicóloga e gerente de Atenção à Pessoa Idosa da Secretaria Municipal do Idoso (SMI), Renata Graner, o projeto tem tudo para dar certo. "Namoro projetos de terapia assistida com animais há anos. Amo cachorro, trabalho com idosos e pesquisas comprovam os benefícios que esse tipo de interação traz. Melhora a mobilidade, ameniza a depressão e evita a demência. Sabemos que o risco de demência aumenta entre os idosos e essa relação traz muita alegria para o ambiente e as pessoas."


Entre os voluntários do projeto, Leda Maria Dalla Costa considera que ações assim devem ser referência. "Temos que fazer mais pelos idosos. Sair de nossa zona de conforto. Eu estou aposentada e me sinto disponível". Os cachorros de Leda, legítimos vira-latas, são Meg e Marley. Tem dois anos e há um foram adotados por ela. "Podem copiar", brinca.

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"Nós copiamos também e seria ótimo que se tornasse um projeto permanente", emenda a psicóloga Renata Graner. A profissional descreve também o trabalho deixado pela psiquiatra Nise da Silveira, falecida em 1999. "Em hospitais psiquiátricos em que atuava, Nise registrou o quanto uma pessoa com esquizofrenia evolui. Os ganhos são imensos diante da presença de animal, até mesmo pelas responsabilidades que o paciente desenvolve."


Renata assegura que pegar no colo, sentir o cheiro e olhar para os cães torna o dia diferente de quem está em internamento melhor. "Todos os sentidos são aflorados. Muitos idosos deixaram seus animais quando foram para instituições e descrevem para nós a falta que sentem deles. E essa também é uma forma de amenizar essa perda e matar a saudade que fica", pensa.


Dona Lurdinha não gosta de dizer a idade e confirma os conhecimentos da psicóloga. "É só Lurdinha mesmo, pode escrever assim. Prefiro. Eu deixei a Puca lá em Minas Gerais. Ela tinha rabinho do tipo rabicó. Eu vou voltar pra Minas, mas enquanto isso os cachorros podem voltar aqui. É muito bom". Com uma cachorra no colo, dona Zezé, a Maria José Felix de Oliveira, 75 anos, também conta sua vivência: "Eu gosto de bicho. O meu ficava me esperando chegar do trabalho e depois que saí de casa de vez, o Toddy morreu. De desgosto".

O Lar dos Vovôs e das Vovós Gilda Marconi é uma instituição de longa permanência para idosos e atualmente acomoda o total de 72 homens e mulheres. Para doações ou para conhecer mais, o endereço é Rua Cabo Verde, 95, na Vila Nova. O telefone é o (43) 3326-7004.


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