Quatro em cada dez jovens envolvidos com o narcotráfico já tentaram se afastar da atividade, aponta uma pesquisa realizada pelo Observatório de Favelas. "A queda dos rendimentos do tráfico de drogas no varejo e o aumento brutal das mortes têm motivado muitos jovens a desejar sair desta atividade", afirma a pesquisa
Uma das pesquisadas é Vânia, que não quis ter seu nome completo divulgado por questões de segurança. Ela saiu do tráfico quando conseguiu um trabalho. Hoje ela ganha R$ 490 por mês, menos do que recebia por semana no tráfico.
"Eu quis sair, primeiro, porque eu tive uma oportunidade de emprego e, segundo, porque tinham muitos amigos meus, pessoas que estavam ao meu lado no dia a dia, morrendo em guerras com outras facções, em troca de tiros com policias. Então, a idade veio chegando e eu achei que não era mais aquilo que eu queria", disse.
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Desejo de consumo - A pesquisa avaliou ainda quais os motivos que levam os jovens a entrar para o narcotráfico. Comprar roupas novas e ajudar a família a se sustentar economicamente. Esses são os dois principais destinos do dinheiro obtido pelos jovens que trabalham no narcotráfico do Rio de Janeiro.
Sensação de poder, prestígio, amizades e espírito de aventura são outros fatores apontados nas entrevistas como motivos para entrar no crime.
O levantamento foi divulgado nesta quinta-feira (23) pelo Observatório de Favelas, organização da sociedade civil sediada na Favela da Maré. A pesquisa durou dois anos e investigou a trajetória de 230 jovens, com idades entre 11 e 24 anos, envolvidos com o tráfico de drogas em 34 comunidades distribuídas nas Zonas Norte, Sul, Oeste e Leopoldina. Foi realizado em parceria com o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e outras instituições. (ABr)