Estudos recentes feitos nos Estados Unidos indicam um aumento na incidência de problemas de saúde mental em estudantes do ensino superior. Agora, um trabalho divulgado na edição de 24 de junho da revista Medical Care aponta que mais da metade dos alunos com fortes sintomas de ansiedade ou de depressão não procura ajuda.
Pesquisas sobre o assunto aumentaram após a tragédia ocorrida no campus da Universidade do Estado da Virgínia, em 16 de abril, quando o aluno Seung-Hui Cho matou 32 pessoas.
O novo estudo foi conduzido com 2.785 alunos da Universidade de Michigan, que responderam a um questionário publicado na internet. O trabalho, conduzido por Daniel Eisenberg, professor da Escola de Saúde Pública da universidade, será seguido por outro, que envolverá de 12 a 15 universidades e começará no segundo semestre deste ano.
Leia mais:
Jornalista paranaense é assassinado a tiros no México, diz imprensa local
Time de vôlei dos EUA sofre boicote e atrai polêmica sobre participação de transgêneros em esportes
'Ainda Estou Aqui' é incluído na NBR, prêmio tradicional da crítica americana
ONU aprova conferência para discutir criação de Estado palestino
Na Universidade de Michigan, estudantes contam com acesso a serviços gratuitos de acompanhamento de saúde física e mental. De acordo com o distúrbio mental analisado, a proporção de alunos que não procuram tratamento variou de 37% a 84%.
Apesar disso, 72% daqueles com diagnóstico positivo para depressão crônica afirmaram ter consciência de que precisavam de ajuda especializada. No geral, 10% dos participantes disseram receber terapia e a mesma porcentagem afirmou tomar algum tipo de medicamento psicotrópico.
De acordo com a pesquisa, a situação socioeconômica pareceu influenciar os casos em que se buscou ajuda: o número foi duas vezes maior entre os representantes de família mais ricas. Os mais pobres, por outro lado, acusaram mais sintomas de depressão ou ansiedade. "Mas não podemos assumir que reduzir barreiras financeiras será suficiente para resolver o problema", disse Eisenberg.
Outros fatores identificados como associados com a recusa em procurar ajuda incluem a falta de conhecimento do problema e o ceticismo com relação à eficiência dos tratamentos. As mulheres se mostraram mais propensas a buscar ajuda especializada do que os homens.
"É importante entender o que motiva os estudantes a procurar ajuda ou não, uma vez que a maioria dos distúrbios mentais se manifesta antes dos 24 anos e representa problemas que freqüentemente têm implicações duradouras", disse Eisenberg.
O artigo Help-seeking and access to mental health care in a university student population pode ser lido por assinantes da Medical Care em www.lww-medicalcare.com.