A Anistia Internacional deu início nesta sexta-feira (9) à campanha Maratona: Escreva por Direitos. O intuito é enviar cartas e mensagens para influenciar líderes mundiais a protegerem indivíduos ou comunidades cujos direitos humanos têm sido violados. A iniciativa marca o Dia Internacional dos Direitos Humanos, lembrado amanhã (10), e segue até o final de janeiro de 2017.
A ideia da campanha, que ocorre todo ano, é mobilizar a sociedade em uma grande ação de solidariedade, disse a assessora de Ativismo e Mobilização da Anistia Internacional Brasil, Jandira Queiroz. "A gente escreve cartas para autoridades e tomadores de decisão, desde um superintendente de polícia local de uma cidade no interior da Nigéria, até o presidente [Barack] Obama [dos Estados Unidos]", explicou.
Além das cartas, são redigidos e-mails e mensagens via Twitter ou Facebook para pressionar essas autoridades a promover mudanças específicas em caso de violações de direitos humanos.
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"Os casos que a gente trabalha envolvem indivíduos ou comunidades que estão em situação de violação de direitos humanos que podem ser revertidas logo. A gente identifica aquelas situações muito urgentes ou que estão em momento propício para que uma mobilização gere resultado e mobiliza toda a nossa base, no mundo inteiro, para participar da campanha", disse Jandira.
Este ano, em todo o mundo, 12 casos escolhidos pelo secretariado internacional da ONG serão abordados.
Extrativismo
Desse total, cinco casos internacionais integram a campanha no Brasil, além de um caso nacional, da comunidade Santa Rosa, do Delta do Parnaíba, no Maranhão.
De acordo com Jandira, a comunidade vive da extração da carnaúba, palmeira que tem várias aplicações, desde a fabricação de cosméticos até a indústria automotiva. De acordo com a Anistia Internacional, os moradores da comunidade têm recebido ameaças de empresas privadas e grandes proprietários de terras, que acabam controlando toda a cadeia de produção da carnaúba. A ONG pede que o governo federal promova a regularização fundiária das cerca de 30 famílias que vivem em uma área de 509 hectares, na comunidade Santa Rosa, para garantir a sobrevivência da comunidade, além da preservação cultural e ambiental na região.
Qualquer pessoa pode se voluntariar e participar da campanha por meio de uma plataforma na internet.
Os outros casos que fazem parte da campanha 2016 no Brasil envolvem conflitos por terra e território no Peru e no Canadá, violação de expressão e prisão arbitrária, em Camarões; prisão arbitrária e tortura, no Irã; e o caso do analista de sistemas Edward Snowden, ex-contratado da agência nacional de segurança norte-americana (NSA), que ficou conhecido ao denunciar como governos de todo o mundo capturam, armazenam e utilizam informações pessoais num esquema de vigilância global. Há chances de ele ser perdoado nos últimos dias de governo do presidente Barack Obama, acredita a ONG.
No ano passado, a iniciativa global gerou 4 milhões de ações de 1 milhão de pessoas e obteve a libertação de um jovem na Nigéria, condenado à morte por um suposto furto de celular, e de uma estudante presa em Myanmar por ter participado de um protesto. Outro caso emblemático é o do ex-Pantera Negra Albert Woodfox, 68 anos, libertado por um juiz federal após 43 anos confinado em uma solitária na prisão de segurança máxima em Louisiana, Estados Unidos, acusado pela morte de um guarda, em uma rebelião.
"Este ano, a gente quer aumentar a pressão, para que mais pessoas entrem em ação e que esse número aumente ainda mais", avalia Jandira.