O índice brasileiro de intoxicações causadas por mau uso de medicamentos é inferior apenas ao dos problemas provocados por agrotóxicos: nos últimos sete anos, 27% dos casos notificados referem-se aos remédios, enquanto 35% se devem aos agrotóxicos. Os remédios mal utilizados também são responsáveis por 16% dos óbitos no país.
As informações foram apresentadas pela gerente de Monitoramento e Fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Maria José Delgado Fagundes, durante o seminário Diálogo entre a Saúde e o Direito: Regulação de Propaganda de Medicamentos, aberto na noite desta segunda-feira (20).
"Trata-se de uma inversão na finalidade do medicamento, produzido para trazer benefícios à população. Esses índices são muito altos se comparados com aquelas intoxicações domésticas, causados por ingestão de produtos de limpeza ou de alimentos estragados, que correspondem a 3% do total", disse.
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Os hospitais, de acordo com a gerente, gastam de 15% a 20% de seus orçamentos para lidar com complicações causadas pelo mau uso de medicamentos. Ela destacou os analgésicos, os antitérmicos e os antiinflamatórios como os maiores responsáveis pelas intoxicação.
Aos juízes, procuradores e promotores de todo o país que participam do encontro, a gerente disse ainda que "grande parte da propaganda não respeita a legislação em vigor, que determina a divulgação tanto dos benefícios quanto das características do produto, incluindo efeitos colaterais e contra-indicações". E defendeu ações constantes de educação e informação à população.
As indústrias, acrescentou, ficaram muitos anos sem monitoramento, mas neste ano já foram julgados 147 autos de infração. "A Anvisa, responsável pelo setor, arrecadou nos últimos seis anos R$ 17,49 bilhões com autuações", informou.