O aquecimento global vai expandir a área tropical do planeta, com conseqüente aumento também da incidência de doenças infecciosas restritas às regiões de clima mais quente, como malária e dengue.
O alerta é do professor do Departamento de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), Pedro Tauil, com base em recente pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em entrevista nesta segunda-feira à Rádio Nacional, ele disse que o problema já pode ser constatado na Região Sul.
De acordo com Pedro Tauil, o Rio Grande do Sul registrou, neste ano, o primeiro caso de dengue contraída no estado. Coincidentemente, lembrou o professor, o estado teve, em 2007, o maior número de dias da história com temperaturas acima de 22 graus.
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O professor da UnB diz que o caso evidencia possível conseqüência da mudança climática, com expansão da área tropical para outras latitudes. Ele ressalta, no entanto, que a incidência das chamadas "doenças tropicais" depende também de condições socioeconômicas, não apenas de natureza biológica ou ambiental.
Ele explica que, por razões climáticas, a dengue e a malária podem chegar aos Estados Unidos e à Europa. Tauil, no entanto, acredita que a possibilidade de isso acontecer é pequena porque os países dessas regiões são desenvolvidos, bem-estruturados na área de prevenção e assistência à saúde.
Além da disseminação de doenças tropicais, o professor mostrou-se preocupado com outra conseqüência das mudanças climáticas: o aumento da incidência de desastres naturais. Segundo o especialista, inundações, tempestades, enchentes e secas provocarão mais danos à saúde pública e risco de redução da produção agrícola.
O professor pede maior engajamento da sociedade no combate às doenças tropicais. Segundo ele, não basta conhecer os cuidados para evitar doenças como a dengue, mas que as recomendações venham acompanhadas de mudanças no comportamento da população.
Apesar de o abastecimento regular de água, coleta de lixo e fiscalização sobre terrenos baldios e depósitos dependerem do poder público, Pedro Tauil ressalta que a vigilância do ambiente domiciliar é de cada um. "As pessoas sabem o que fazer, mas, por diferentes razões, não praticam os conhecimentos no ambiente domiciliar", disse o especialista.
ABr