As quatro mortes ocorridas em uma escola judaica de Toulouse, nesta segunda-feira, "feriram toda a França", disse o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em discurso na cidade, no sudoeste do país.
As mortes – de três crianças e um professor – foram causadas diante da escola Otar Hazorah, por um atirador não identificado, que fugiu em uma moto. Um adolescente também ficou gravemente ferido.
"Estas também são nossas crianças, não apenas de vocês (em referência à comunidade judaica). É uma tragédia nacional", disse Sarkozy.
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O caso deixou o país em estado de choque, dias depois de dois ataques com características semelhantes, quando três paraquedistas militares franceses foram mortos a tiros e um ficou ferido, em Toulouse e na cidade próxima de Montauban.
A "similaridade do modus operandi" em todos os casos foi citada por Sarkozy, que disse que as autoridades estão investigando uma eventual relação entre as mortes.
Tanto nos ataques na escola judaica como nos casos dos militares, o atirador utilizou uma moto e duas armas. O calibre de uma delas é o mesmo usado nos disparos contra os paraquedistas.
Crimes 'racistas'
No episódio desta segunda-feira, o atirador disparou, inicialmente, em frente ao colégio e depois entrou no pátio da escola e continuou atirando, "perseguindo crianças", disse o promotor de Toulouse, Michel Valet.
O adulto morto, um franco-israelense, era professor de religião. Duas das três crianças mortas eram seus filhos.
Nos ataques da semana passada, três militares mortos eram de religião muçulmana e o quarto, que ficou gravemente ferido, era negro, originário das Antilhas francesas, o que a sugere às autoridades, com o novo ataque contra uma escola judaica, a possibilidade de crimes racistas.
"Há semelhanças entre os ataques, mas precisamos aguardar os resultados das investigações da polícia científica", disse Sarkozy.
De acordo com fontes ligadas às investigações, citadas nesta tarde pela imprensa francesa, a mesma arma de calibre 11.43 foi usada nos ataques contra os paraquedistas e no tiroteio na escola. A informação ainda não foi confirmada oficialmente.
Investigações
A procuradoria antiterrorista de Paris abriu nesta segunda-feira investigações sobre a onda de assassinatos em Toulouse.
Segundo autoridades, milhares de policiais foram mobilizados na França foram mobilizados para localizar o atirador.
O governo francês anunciou o reforço da segurança em todas as escolas judaicas e muçulmanas do país, como também em locais de culto dessas religiões.
A União dos Estudantes Judeus da França convocou uma passeata silenciosa em Paris nesta tarde para homenagear as vítimas do tiroteio na escola. Uma cerimônia religiosa também será realizada em Toulouse com a presença das principais personalidades da comunidade judaica.
"Poderíamos considerar que se trata de um ato antissemita, mas considero que toda a sociedade francesa foi visada no ataque", afirma o presidente da Liga Internacional contra o Racismo e Antissemetismo, Alain Jakubowicz.
"O ataque é contra toda a comunidade judaica", afirmou a Conferência Europeia de Rabinos.
Em razão do choque provocado pelo tiroteio no país, os partidos políticos decidiram suspender nesta segunda-feira a campanha das eleições presidenciais.
O Carnaval de Toulouse, que ocorreria na quarta-feira, foi cancelado.