Uma investigação do departamento de medicina forense do governo da Turquia concluiu que os nove ativistas turcos mortos no navio Mavi Marmara, durante uma ação militar israelense na segunda-feira passada, foram mortos com 30 balas, a maioria delas disparadas de curta distância.
O navio que transportava mais de 600 ativistas e voluntários liderava a frota de seis embarcações que tentava furar o bloqueio israelense e carregar ajuda humanitária para a Faixa de Gaza.
O relatório completo da autópsia das autoridades turcas sobre a morte dos ativistas só deverá ser finalizado dentro de um mês.
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Alguns ativistas que estavam no barco declararam que os soldados israelenses "atiraram para matar", mas Israel afirma que apenas se defendeu dos passageiros a bordo.
A comunidade internacional condenou o episódio, e o Conselho de Segurança da ONU pediu a abertura imediata de uma investigação que seja "crível, imparcial e transparente".
A maioria dos passageiros no navio era de turcos e o governo de Ancara exige um pedido de desculpas de Israel e uma investigação independente.
Detalhes
Segundo o correspondente da BBC em Istambul, Jonathan Head, uma imagem mais clara dos acontecimentos de segunda-feira passada começa a emergir, mas ainda há claras diferenças entre a versão israelense e turca.
O relatório do departamento de medicina forense traz mais detalhes sobre o que ocorreu a bordo do Mavi Marmara, mas não altera a versão existente dos fatos.
Os nove ativistas foram baleados a curta distância com balas de nove milímetros, provavelmente disparadas por pistolas.
Isso condiz com a versão oficial israelense, de que os soldados abriram fogo depois de serem atacados por homens armados com facas, barras de ferro e estilingues.
Mas o fato de algumas das vítimas terem sido atingidas por várias balas – uma delas levou quatro tiros na cabeça - enfraquece a afirmação israelense de que seus homens usaram o mínimo de força letal, afirma Head.
Israel afirma que alguns de seus soldados também foram atingidos por tiros, mas não havia armas de fogo na pilha de armas improvisadas apreendidas a bordo do navio, que os militares exibiram depois da ação contra os ativistas.
Ainda não está claro quando os soldados começaram a atirar – um vídeo gravado na hora da abordagem mostra claramente os ativistas atacando os primeiros soldados que desceram do helicóptero.
Um jornalista disse que quatro soldados israelenses foram capturados pelos ativistas, e que os outros começaram a atirar depois disso. Outras testemunhas afirmam que os soldados começaram a disparar antes de descer ao barco.
Há ainda ativistas que afirmam que algumas pessoas permanecem desaparecidas e o número de mortos na ação pode ser mais alto.
As autoridades israelenses confiscaram todas as câmeras a bordo e mostraram apenas alguns clipes editados das imagens do confronto.
O governo turco exige uma investigação independente sobre o incidente, mas Israel insiste que vai investigar o caso por conta própria.
Os resultados da investigação dificilmente vão satisfazer a Turquia, que ameaça cortar todas as relações com Israel se suas exigências não forem atendidas.
Novo navio
Neste sábado, o Exército israelense abordou mais um barco que tentava furar o bloqueio israelense e levar ajuda humanitária para a Faixa de Gaza.
O Exército afirma que os ativistas a bordo do Racehel Corrie não ofereceram resistência e que a abordagem foi pacífica, mas os passageiros do barco ainda não se manifestaram.
A comunicação com os ativistas foi cortada e uma das organizadoras da frota, no Chipre, diz que os militares israelenses obrigaram os tripulantes a agir contra a vontade e em águas internacionais.
"A marinha israelense entrou no navio e este ruma ao porto de Ashdod. Isto (a operação) ocorreu tranquilamente, sem violência e de comum acordo com as pessoas a bordo", disse o porta-voz do governo israelense Moro Eisin após a abordagem do sábado.
Israel afirma também que, antes de invadir o barco, enviou quatro mensagens por rádio pedindo para que este mudasse sua rota para Ashdod, mas não recebeu resposta nenhuma.
Neste sábado, milhares de pessoas participaram de mais um protesto contra Israel em Istambul. Também houve protestos em Dublin, Londres, Paris e Cairo, entre outras cidades.