Brasil e Argentina pretendem constituir uma empresa binacional para o enriquecimento de urânio. As negociações devem começar nos próximos 120 dias, segundo declaração conjunta firmada hoje (22) pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner.
Em entrevista coletiva no fim da tarde de hoje, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, assegurou que a futura cooperação será apenas para fins pacíficos e geração de eletricidade. "Isso é mais uma demonstração para o mundo de que o uso nosso de energia nuclear é exclusivamente pacífico e voltado para a produção de energia elétrica e outros benefícios ligados à medicina, conservação de alimentos, etc", afirmou.
Sem precisar detalhes, Amorim disse acreditar que, no começo, cada país continuará desenvolvendo seus próprios estudos. "Ainda vai se definir o projeto exato do trabalho, de como será feito. Acho que inicialmente, como cada país tem sua tecnologia e sua maneira de trabalhar o enriquecimento [de urânio], eu imagino que pelo menos numa fase inicial será mais uma holding, uma empresa binacional, e cada um vai continuar trabalhando pelo seu lado", ponderou.
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Neste mês, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) referendou cinco autorizações concedidas no ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para operação inicial de unidades que trabalham em extração, concentração e enriquecimento de urânio. A Marinha brasileira desenvolve iniciativas na área nuclear desde 1979 - um dos programas é o Projeto do Ciclo do Combustível, que usa ultracentrífugas projetadas no Brasil para enriquecimento de urânio.
O Brasil tem uma das maiores reservas de urânio do mundo, com potencial estimado de 300 mil toneladas, concentradas na Bahia (Lagoa Real e Caetité) e no Ceará (Itataia), o que é suficiente para suprir as necessidades internas e ainda garantir excedente para exportação.