O Brasil é líder mundial de uso de medicamentos para emagrecer - os chamados anorexígenos - por habitante. Segundo o Relatório Anual da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes, em 2005, 98,6% do fenproporex e 89,5% da anfepramona, duas das substâncias inibidoras de apetite mais utilizadas em todo o mundo, foram produzidas no Brasil, e a maior parte foi consumida no próprio país.
De acordo com o documento, apresentado nesta quinta-feira (1º) no Rio, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), depois do Brasil, as maiores taxas de consumo de tais medicamentos foram verificadas na Argentina, na Coréia e nos Estados Unidos.
O secretário nacional Antidrogas, Paulo Roberto Uchôa, disse que, em 2001, esse tipo de medicamento já era consumido por 2,3% da população brasileira. Em 2005, os anorexígenos já eram consumidos por 3,2% o que, segundo ele, representa um aumento "consistente".
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Para controlar e monitorar a prescrição de tal tipo de droga em todo o país, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai lançar, até o início de abril, o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados. O diretor adjunto da Anvisa, Norberto Rech, explicou que, pelo novo sistema, os pontos de venda, como farmácias e drogarias, vão ter que cadastrar todas as informações da receita (médico que prescreveu, usuário, quantidade etc), formando um banco de dados único para identificar o consumo abusivo desses medicamentos.
Rech anunciou que, ainda neste mês, deverá ser lançada resolução modificando o receituário para prescrição de anorexígenos. O assunto foi tema de uma consulta pública no fim do ano passado. Atualmente, é exigida a receita do tipo B, cuja impressão gráfica é de responsabilidade do próprio médico. Com a modificação, será exigida a receita do tipo A. Nesse caso, o prescritor terá que retirar o receituário na Vigilância Sanitária do estado, identificando cada folha diante da autoridade sanitária, explicou.
"Isso evita, com toda a certeza, por exemplo, a fraude em relação ao prescritor, carimbo e assinatura", afirmou o diretor da Anvisa.
De acordo com o relatório, o uso abusivo de anorexígenos pode resultar em dependência química, estado de pânico, agressividade, comportamento violento e morte.
Em novembro do ano passado, um estudo divulgado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) revelou que o brasileiro consome quase 90% dos medicamentos para emagrecer produzidos no mundo. De 2001 a 2005, o número de usuários de tais substâncias dobrou no país, passsando de 1,5% para 3%.
Em março de 2006, o Brasil já havia sido apontado, pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife), que auxilia a ONU, como campeão mundial no consumo de anfetaminas, substância presente na composição de grande parte dos remédios para emagrecer.