Uma brasileira ganhou destaque nos telejornais da Espanha depois de colocar um anúncio na internet em que se oferece como mãe de aluguel. Fernanda M.M. (ela prefere não revelar seu sobrenome) saiu de São Paulo aos 20 anos e há oito mora na Espanha, onde está ilegalmente.
Ela é mãe solteira, está desempregada e ofereceu alugar o ventre por 30 mil euros (cerca de R$ 80 mil) para casais que queiram ter filhos.
Segundo Fernanda, essa é a única solução para saldar suas dívidas e garantir o futuro das duas filhas com quem vive na cidade de Tarragona, no nordeste da Espanha.
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A legislação espanhola impede a contratação de mães de aluguel e prevê, para os casais que contratem esse tipo de serviço e para as mães contratadas, multas que variam de 1 mil a 10 mil euros (cerca de R$ 2,6 mil a R$ 26 mil).
Contatos - "Um dia estava no ponto de ônibus, pensando no que fazer da minha vida. Isso me veio à cabeça e botei o anúncio. Realmente, não vejo nada de mal", afirma Fernanda. "Tem gente que quer ter filhos e não pode. Eu posso e preciso muito desse dinheiro".
"Sei que é proibido, já me informei. Mas também me disseram que posso ficar grávida aqui e dar a criança para que um casal adote. Ou então fazer o parto nos Estados Unidos ou na Holanda".
O anúncio já rendeu dois contatos. Um casal homossexual e outro heterossexual chegaram a iniciar as negociações, mas não houve acordo.
Fernanda diz que, por ter duas filhas (de 11 e 3 anos), já se sente realizada como mãe.
A primeira, nascida no Brasil, nunca teve relacionamento com o pai. A segunda, espanhola, também está sendo criada apenas por ela. O pai é espanhol e raramente a visita.
"Sei o que é criar filhos sozinha. E o que custa. Já passei por muita coisa nessa vida", diz a brasileira. "Não digo que não vou sentir nada pela criança quando estiver na barriga. Mas vou ter a certeza de que estarei dando o bebê para quem pode dar a ele uma boa vida."
Sem medo - Mesmo em situação ilegal, Fernanda garante que não tem medo de nada. Ela diz se sentir protegida pela documentação da segunda filha, nascida na Espanha.
"Já tive documentos de imigrante legal aqui. Mas fui renovar e negaram por causa de uma confusão", afirma a brasileira, que se recusa a contar o motivo. "Mas, como minha filha é menor e de pai espanhol, não vão me expulsar."
Segundo a lei espanhola de reprodução assistida, aprovada em maio do ano passado, a doação de óvulos ou sêmen só pode ser feita de forma gratuita e sem a identificação do doador.
"A lei é muito clara. Está proibido o aluguel de ventre para reprodução assistida. Se alguém estiver interessado nesse tipo de negócio, deve saber que, perante a Justiça, a criança pertence à mulher que a gerou", diz o advogado Arturo Pelayo.
O hospital que fizer partos de mães de aluguel pode ser multado em 1 milhão de euros, aproximadamente R$ 2,6 milhões.