A camada de ozônio sobre o Ártico sofreu uma redução sem precedentes de 40% no último inverno no hemisfério norte (verão no Brasil), alertou nesta terça-feira a Organização Meteorológica Mundial (OMM, uma agência da ONU).
A camada impede a passagem dos raios ultravioleta do sol. Esses raios têm efeitos nocivos à saúde, podendo provocar câncer e outras doenças.
Segundo a OMM, no fim de março, 40% do ozônio na estratosfera sobre o Ártico havia sido destruído. O recorde anterior era de 30%.
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A organização atribuiu a diminuição da camada à presença persistente de produtos químicos industriais que reagem com o ozônio e ao frio observado na estratosfera nos últimos meses no Ártico, o que também favorece uma diminuição dos níveis atmosféricos da substância.
Antártida e Ártico
Compostos químicos que aumentam chamado "buraco" na camada de ozônio foram proibidos ou limitadas pelo Protocolo de Montreal das Nações Unidas, assinado em 1987, mas permanecem por tanto tempo na atmosfera que os especialistas esperam que os danos continuem por décadas.
No último inverno, enquanto o Ártico teve um clima mais quente que o normal no solo, as temperaturas entre 15 km e 20 km acima da superfície da Terra despencaram.
"O grau de perda de ozônio durante cada inverno depende das condições meteorológicas", disse Michel Jarraud, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
"A perda de ozônio em 2011 mostra que precisamos continuar vigilantes e prestar muita atenção na situação do Ártico nos próximos anos."
Os invernos mais longos e gelados no Polo Sul chegam a provocar uma diminuição de 55% da camada de ozônio, mas isso não afeta muito a saúde humana porque a Antártida é inabitada e apenas uma pequena parte do extremo sul da América do Sul ocasionalmente fica sob o buraco.
Mas no Ártico é diferente. Em março, ventos levaram a região com menos ozônio para cima da Groenlândia e da Escandinávia.
A OMM pediu à população nessas regiões que preste atenção a alertas e previsões sobre os níveis de ozônio.
Futuro
A diminuição da camada de ozônio é frequentemente considerado um problema resolvido por tratados como os de Montreal e os que o substituíram.
Mas a concentração de substâncias nocivas ao ozônio em regiões polares diminuiu em apenas 10% com relação ao seu auge, antes da entrada em vigor do Protocolo.
"Nas próximas décadas, a história (do ozônio ártico) será determinada pelas temperaturas e não sabemos quais são os fatores que as determinam", disse o pesquisador Markus Rex do instituto alemão Alfred Wegener de pesquisa polar e marinha.
"É um grande desafio entender isso e como determinará a perda de ozônio nas próximas décadas", completa.
Projeções sugerem que o buraco na camada de ozônio na Antártida não deve se recuperar antes de 2045.