O tratamento com células-tronco também é esperança de cura para os pacientes com diabetes tipo 1 recém-diagnosticados. Uma pesquisa que está sendo desenvolvida há dois anos pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), ligada à Universidade de São Paulo (USP), já aponta resultados positivos. Este tipo de pesquisa, com utilização de terapia celular para tratamento de diabetes, é inédita no mundo.
Segundo o professor Júlio César Voltarelli, coordenador do estudo, dos 11 pacientes que já passaram pelo procedimento, oito tiveram resposta completa e estão sem tomar insulina. Dois estão usando pouca quantidade de insulina, com diminuição gradativa das doses. E apenas um não teve resposta favorável. ''Em apenas um caso a diabetes evoluiu do mesmo modo que se não tivesse sido feito nada, e o paciente está com a mesma dose de insulina'', explica.
As células-tronco, explica o professor, agem corrigindo o defeito que causa a doença, a destruição das células do pâncreas pelo próprio sistema imunológico. O pâncreas não consegue então produzir insulina, o hormônio que ajuda no processamento da glicose pelo organismo.
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O método utiliza células-tronco originárias da médula óssea da própria pessoa. Elas são aplicadas na corrente sanguínea, e colaboram para que o pâncreas volte a funcionar normalmente. ''Mas não quer dizer que há cura, porque não temos certeza que (os pacientes) vão ficar assim pelo resto da vida'', ressalta.
A pesquisa está sendo desenvolvida em pacientes voluntários, que serão acompanhados por, no mínimo, mais cinco anos. Para ser voluntário, o paciente tem que se enquadrar em alguns requisitos. O primeiro deles é que a doença tenha sido diagnosticada há menos de seis semanas. Voltarelli explica que depois desse período as células do pâncreas morrem e não se regeneram mais. Outro requisito é ter idade entre 12 e 35 anos.
Segundo Voltarelli, o paciente é avaliado, e se aprovado passa por um processo que dura cerca de dois meses, entre aplicação de medicamentos que baixam a imunidade, retirada das células-tronco da medula, repouso e transplante. ''O transplante é feito com quimioterapia, por isso é importante uma avaliação, pois há risco com a baixa imunidade''.
Mais alguns pacientes deverão ser recrutados para essa primeira fase da pesquisa. A próxima etapa, segundo o professor, deverá aplicar o procedimento em pacientes com a doença diagnosticada há mais tempo.
Serviço: Interessados em participar da pesquisa podem se candidatar pelo e-mail [email protected]