Um estudo feito por pesquisadores holandeses revelou que jovens moradoras de cidades grandes têm cinco vezes mais chances de sofrer de bulimia que as que moram nas áreas rurais.
Os cientistas chegaram à conclusão de que o ambiente urbano é "um fator de risco potencial" para o transtorno alimentar, que leva milhares de jovens a alternar momentos de extrema comilança com tentativas desesperadas de eliminar a comida, normalmente provocando vômitos ou tomando laxantes.
A pesquisadora Gabriëlle Van Son, que assina o artigo em que a pesquisa foi divulgada na última edição do British Journal of Psychiatry, disse à BBC Brasil que uma possível explicação para o fenômeno seria o anonimato de que bulímicos podem gozar em grandes centros urbanos.
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"É uma doença que envolve muito segredo", afirmou Van Son. "Nas grandes cidades, mesmo que se tenha vergonha e culpa, é possível ir todo dia a um supermercado diferente, uma farmácia diferente, sem que ninguém perceba algo errado."
Pesquisa - A ligação entre ambientes urbanos e distúrbios nervosos – entre os quais os alimentares – já é bem estabelecida, mas há poucos dados em relação à anorexia nervosa e à bulimia, males que apenas recentemente ganharam visibilidade.
Liderada pelo doutor Hans Hoek, a equipe analisou dados recolhidos do sistema de saúde holandês entre a segunda metade dos anos 80 e 90. Foram identificados 113 pacientes com anorexia nervosa e 110 com bulimia nervosa, quase exclusivamente mulheres.
Os cientistas descobriram que a idade média das pacientes era 22 anos para aquelas detectadas com anorexia, e 27 anos para as que sofriam de bulimia. Os dados de anorexia não demonstraram relação com o grau de urbanização. Mas a incidência de bulimia nervosa foi mais de 2,5 vezes maior nos núcleos urbanos do que nas áreas rurais e cinco vezes maior nas grandes cidades.