Dezenas de tremores secundários vêm sacudindo o Chile desde o grande terremoto de magnitude 8,8 registrado na madrugada de sábado.
Segundo os dados da agência geológica americana (USGS, na sigla em inglês), que monitora abalos sísmicos em todo o planeta, entre as 3h34 de sábado (mesmo horário de Brasília), quando foi registrado o primeiro e mais forte tremor, até as 7h desta segunda-feira, foram 148 terremotos de magnitude superior a 4,5 – oito desses tiveram magnitude superior a 6.
A grande maioria desses tremores secundários tiveram epicentros nas regiões de Maule e Bío Bío, as mais afetadas pelo primeiro tremor, no sábado, mas também houve registros de tremores com epicentros nas regiões próximas de Valparaíso, Araucanía, Libertador General Bernardo O'Higgins e na região metropolitana de Santiago.
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O total de mortes confirmadas em consequência do terremoto de sábado chegou a 711, mas a presidente Michelle Bachelet disse que esse número deve aumentar ainda, devido ao grande número de pessoas ainda desaparecidas.
Equipes de resgate ainda tentam retirar dos escombros dezenas de pessoas presas sob edifícios que ruíram na cidade de Concepción, a segunda maior do país e o centro urbano mais próximo do epicentro do terremoto (90 quilômetros).
Muitos moradores da região passaram sua segunda noite ao ar livre, com temor de retornar às suas casas danificadas pelo tremor.
Ajuda
As autoridades chilenas prometeram o envio de ajuda para milhares de pessoas que ficaram desabrigadas nas cidades costeiras mais atingidas pelo terremoto e por tsunamis gerados pelo tremor.
Após uma reunião do Comitê de Emergência no domingo, Bachelet anunciou os detalhes de um plano de ação para enfrentar a devastação causada pelo terremoto do sábado.
Entre as medidas está a imposição de um toque de recolher às regiões de Maule e Bío Bío, declaradas como zonas de catástrofe.
Também foi anunciado o envio de 10 mil militares para auxiliar a polícia de Concepción, na região de Bío Bío, a evitar saques.
"Estamos diante de uma catástrofe de magnitude tão inimaginável que pedirá um gigantesco esforço", afirmou Bachelet, que também se reuniu na noite deste domingo com o presidente eleito, Sebastián Piñera, que toma posse no dia 11.
Após a reunião de uma hora com Bachelet, Piñera reuniu seu próprio futuro gabinete para discutir os trabalhos de reconstrução que deverão assumir a partir da próxima semana.
"Conversamos com a presidente sobre a forma de enfrentar esta emergência, porque a partir do terremoto, e nos dias que se seguem, há demandas muito urgentes", afirmou Piñera.
Alimentos
Michelle Bachelet também anunciou o início imediato da distribuição gratuita de alimentos de primeira necessidade nas áreas mais devastadas pelo terremoto, entre elas Concepción.
Apesar da reabertura de estradas e do aeroporto de Santiago, os grandes danos ainda estão impedindo os trabalhos das equipes de resgate e há muita dificuldade para se chegar aos que ainda estão soterrados nos escombros.
Cerca de 1,5 milhões de residências foram danificadas e, de acordo com Bachelet, cerca de 2 milhões de pessoas foram afetadas pelo terremoto. Foi o maior tremor registrado no país em 50 anos.
A companhia de avaliação de riscos americana Eqecat calculou que os prejuízos se situem entre US$ 15 bilhões e US$ 30 bilhões, equivalentes a algo entre 10% e 15% do Produto Interno Bruto (PIB) chileno.
Em cidades costeiras, como Talcahuano, perto de Concepción, tsunamis gerados pelo tremor destruíram instalações portuárias e a infraestrutura próxima do mar.
Na cidade costeira de Constitución, na região de Maule, também atingida por tsunamis, foram encontrados 350 corpos.
Em Curicó, a 180 km ao sul de Santiago, cerca de 90% do centro histórico da cidade foi destruído.
Saúde
O comitê liderado por Bachelet concluiu que o setor de saúde é o que, no momento, requer medidas mais urgentes.
Para lidar com as emergências no país, a presidente informou que vai usar toda a rede pública de saúde para atender pacientes em situação crítica, enquanto continuam os transportes de hospitais destruídos ou fechados nas áreas mais atingidas até outros centros de assistência que estão funcionando.
"Vamos buscar soluções distintas, como hospitais de campanha, mas também vamos adaptar locais que permitam a implementação de soluções no médio prazo", afirmou Bachelet.
O comitê também determinou o envio de cerca de 400 urbanistas para as ruas das áreas afetadas pelo terremoto para avaliar a situação dos prédios. Entre estes prédios haveria muitos que não apresentam problemas visíveis, mas poderiam ter problemas estruturais graves.