A China isolou nesta quinta-feira um grande hospital de Pequim, medida tomada dentro da política de colocar em quarentena áreas atingidas pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês).
O objetivo é tentar evitar que a doença se dissemine no país.
Horas depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter desaconselhado visitas à cidade, a polícia tomou posição ao redor do Hospital Universitário Popular de Pequim, que tem 1.200 leitos.
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"Ninguém tem permissão de entrar ou sair", disse um policial da força de 2.300 homens. "Há policiais e agentes de segurança do lado de fora."
O hospital não foi designado para tratar pacientes de Sars, mas tem pelo menos 60 casos confirmados ou suspeitos da doença entre médicos e enfermeiras.
O isolamento do hospital é a mais recente medida dramática tomada pelo governo chinês em sua guerra à Sars, declarada na semana passada, meses após a primeira aparição do vírus, na Província de Guangdong, sul da China.
Já o Canadá reagiu com indignação à iniciativa da OMS de colocar Toronto na lista dos lugares a serem evitados por causa da Sars, além de Pequim, Hong Kong, e as Províncias Guangdong e Shanxi
"De onde veio este grupo? O que eles viram? Com quem conversaram?", questionou irritado o prefeito de Toronto, Mel Lastman, durante entrevista coletiva.
"Vou ser bem claro. É seguro viver em Toronto, é seguro vir a Toronto. Eu os convido a virem aqui amanhã."
O Canadá tem 330 casos de Sars e 16 mortes, a maioria em Toronto, que concentra uma grande população étnica chinesa.
A China, que sofreu fortes críticas na semana passada por não ter revelado a dimensão exata da doença logo de início, aceitou a advertência da OMS.
"Tivemos uma cooperação muito efetiva com a OMS e esperamos que este tipo de cooperação possa continuar", disse Liu Jianchao, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. "Ao mesmo tempo, pesquisaremos com atenção as recomendações relevantes que a OMS fez no sentido de prevenir e curar o surto."
A China registrou 110 das 262 mortes por Sars e mais da metade das 4.650 contaminações no mundo.
Pequim, que tem 14 milhões de habitantes, registrou 775 casos de Sars e 39 mortes. O número de casos cresce a cada dia.
Shanxi, a oeste da capital, tem cerca de 160 casos e sete mortes, disse o governo.
Cingapura registrou durante a noite mais uma morte por Sars, elevando seu total para 15 pessoas. O país disse que todos os turistas que chegam ou saem passarão por exames em aeroportos ou postos fronteiriços.
A Sars, infecção respiratória causada por um vírus da família do vírus da gripe comum, ainda não tem cura. Ele se dissemina por gotículas através de espirros e tosse, mas também pode ser transmitido pelo toque a objetos como botões de elevadores.
A OMS teme que a Sars, que mata em cerca de seis por cento dos casos, se torne uma doença humana permanente.
A maior preocupação é com a China, que admitiu que seu sistema de saúde é inadequado no interior do país, onde vivem 70 por cento dos 1,3 bilhão de habitantes.