Não é apenas com a dengue que a população deve ficar atenta devido ao período de chuvas. Outra doença comum nesta época e que pode ser evitada com simples cuidados é a leptospirose. Ela é uma zoonose causada por uma bactéria, denominada Leptospira interrogans, presente na urina de ratazanas, que com as chuvas, se mistura à água de valetas, lagoas e cavas e até mesmo nas enchentes.
"Com alguns cuidados e prestando atenção em pequenas ações preventivas é possível evitar grandes transtornos. São orientações que a população deve seguir para ter um verão tranqüilo", analisa o secretário da Saúde, Cláudio Xavier. Ele explica que a bactéria penetra no corpo humano através de pequenos ferimentos na pele, ou por meio de um contato de longo tempo com a água.
"Após a infeção, o período de incubação da doença é em média de sete a 14 dias após o contato com a água contaminada", disse a chefe da Divisão de Zoonoses e Intoxicações, Gisélia Rúbio. Ela salienta que a doença só poderá ser detectada com maior segurança com a realização de exames laboratoriais feitos uma semana depois do início dos sintomas. É imprescindível procurar um médico e alertá-lo do contato com áreas de risco para a contaminação.
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"Embora 90% dos casos tenham uma evolução benigna, a doença pode levar à morte se não for bem tratada. No ano passado tivemos uma taxa de letalidade de 10% no Paraná", explica Gisélia. Em 2006 foram confirmados 238 casos com 25 mortes em todo o Paraná. Neste ano foram confirmados três pessoas com a doença, duas em Paranaguá e uma em Curitiba.
Para a chefe do setor de epidemiologia hospitalar do Hospital de Clínicas, Suzana Moreira, falta conhecimento na hora da prevenção. "Tivemos um caso de uma senhora que pegou a doença quando estava limpando o ralo e não usou botas e luvas para se proteger. É fundamental usar os instrumentos de proteção individual", enfatiza. Estes instrumentos são basicamente luvas e botas.
Suzana também destaca os cuidados que os catadores de lixo devem ter, principalmente não deixando lixo e os carrinhos que utilizam no seu trabalho em volta de casa. "Essa situação atrai ratos e pode causa a doença", explica. Segundo ela, qualquer coisa que possa atrai os roedores deve ser evitada. Outro ponto levantado pela médica é que não se deve, em hipótese alguma, entrar em locais como lagos, rios e cavas após a chuva.
Sintomas - Os primeiros sintomas da doença são febre alta, mal-estar, dores de cabeça constantes e intensas, dores pelo corpo, principalmente na panturrilha (barriga da perna), cansaço e calafrios. Também são freqüentes dores abdominais, náuseas, vômitos, diarréia e desidratação. É comum que os olhos fiquem amarelados. Em algumas pessoas os sintomas reaparecem após dois ou três dias de aparente melhora, podendo evoluir para um quadro grave de insuficiência renal e respiratória.
Controle de roedores – Para realizar o controle de roedores também são necessários alguns cuidados. Na tentativa de controlar os ratos que eventualmente estejam alojados nas casas ou quintais, a população pode acabar causando mais transtornos. Segundo Gisélia, um exemplo é a compra em locais duvidosos de raticidas e pela avaliação dos serviços de saúde, são na maioria das vezes clandestinos, o que representa um grande risco para a saúde da família, principalmente das crianças e idosos, pois aumenta muito os casos de intoxicações acidentais com estes venenos. "Para o controle efetivo dos ratos ele é totalmente ineficiente", alerta.
Ainda segundo ela, há um equilíbrio biológico dentro das colônias de ratos. "A própria natureza se encarrega de eliminar os animais doentes e induzir o cio das fêmeas quando necessário para substituí-los. Já com a intervenção errada do homem em tentar controlá-los com venenos inapropriados (para cada espécie, existe um tipo específico de veneno) ocorre uma desorganização na colônia, chamado efeito bumerangue, no qual inicialmente tem-se a impressão de que os ratos morreram, mas logo após alguns dias observa-se um aumento descabido no número de animais", completa.
Para uma espécie de animal se instalar em um ambiente, ela precisa de alguns fatores determinantes, chamados de 4 "As" – Acesso, Abrigo, Alimento e Água. "Isto serve para ratos, pombos, aranha-marrom, escorpiões, baratas, mosquito da dengue, e outras pragas", enumera Gisélia. A solução, segundo ela, é buscar identificar por onde os ratos entraram na sua propriedade, onde eles estão escondidos, o que está servindo de alimento e onde busca água.
As orientações técnicas sobre controle de roedores podem ser obtidos nas Vigilâncias Sanitárias Municipais de todo Estado ou nos Centros de Controle de Zoonoses (Curitiba, São José dos Pinhais, Pinhais, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu e Maringá).
Cuidados importantes antes e depois da enchente
· Não jogar lixo ou objetos nos rios. Isso represa as águas e com a chuva pode causar enchentes;
· Solicitar água da Sanepar ou prefeitura no caso de falta de água;
· Não usar água de poço inundado, antes da desinfecção;
· Lavar e desinfetar utensílios e a caixa de água;
· Usar água sanitária de boa qualidade para tratar a água de beber e cozinhar;
· Não brincar ou nadar em lagos, cavas e córregos nem nas águas de enchente;
· Evitar contato com água e lama, usando sempre botas e luvas de borracha, ou sacos plásticos amarrados nos pés e nos braços;
· Guardar os alimentos em lugares secos e dentro de recipientes fechados;
· Inutilizar alimentos naturais ou preparados assim como medicamentos que entraram em contato com a água da enchente;
· Manter os quintais sempre limpos, evitando acumular entulhos que favoreçam o esconderijo de ratos;
· Colocar o lixo em sacos plásticos e em recipientes tampados, para evitar a proliferação de ratos;
· Colocar telas nos ralos para evitar o acesso de roedores;
· Lavar a residência com água limpa e desinfetante, com o cuidado de utilizar botas ou sacos plásticos para proteger os pés. (ANP)