Uma equipe de pesquisadores de diversas instituições constatou que pessoas com paralisia grave podem gerar sinais na área do cérebro responsável por movimentos voluntários, e que esses sinais podem ser detectados, gravados, transportados do cérebro para um computador e convertidos em ação - permitindo que o paciente paralítico realize tarefas básicas. Na edição desta semana da revista Nature, os pesquisadores apresentam os primeiros resultados publicados sobre os primeiros participantes do teste clínico do BrainGate Neural Interface System, uma "prótese neuromotora".
O primeiro paciente, Matthew Nagle, um homem de 25 anos com grave dano na medula vertebral, está paralisado do pescoço para baixo desde 2001. Depois de ter um sensor BrainGate implantado na superfície do cérebro em junho de 2004, ele aprendeu a controlar um cursor de computador com o pensamento.
Durante 57 sessões, entre julho de 2004 e abril de 2005, Nagle aprendeu a abrir um simulador de e-mail, desenhar círculos usando um programa de computador e jogar um videogame, "Pong neural", usando apenas os pensamentos. Ele se tornou capaz de mudar o canal ou ajustar o volume da televisão, mesmo enquanto mantinha uma conversa. No final, tornou-se capaz de abrir e fechar os dedos de uma mão mecânica, e usou um braço robótico para segurar e mover objetos. Nahle experimentou um declínio no sinal neural após pouco mais de 6 meses, mas continuou a participar do teste.
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O segundo paciente, um homem de 55 anos com um ferimento semelhante, recebeu o implante do sensor em abril de 2005. Embora o dispositivo tenha apresentado problemas no início, o paciente se tornou capaz de controlar o cursor do computador com o pensamento a partir do sétimo mês. No 11º mês do teste, um problema técnico causou perda de sinal.
"Os resultados", diz o principal autor do estudo, John Donoghue, da Universidade Brown, "têm o potencial de um dia permitir a ativação de músculos com esses sinais cerebrais, restaurando o controle cérebro-músculo por meio de um sistema nervoso físico".
O BrainGate System é um sensor de 16 milímetros quadrados, com 100 eletrodos, mais finos que um fio de cabelo humano. Os criadores reconhecem que o sistema ainda está na infância. A qualidade do sinal pode variar de paciente para paciente e de um dia para o outro. O segundo paciente nunca chegou a desenvolver o mesmo nível de controle que Nagle, e mesmo Nagle tem capacidades "muito menores que a de uma pessoa saudável usando um cursor de computador controlado manualmente". (AE)