O corpo do diplomata Sérgio Vieira de Mello, que foi velado desde a manhã de sábado no Palácio da Cidade, seguiu hoje à tarde para Genebra, no Boeing da Força Aérea Brasileira que decolou do Aeroporto Internacional do Galeão.
A ex-mulher do diplomata, Annie, confirmou que o alto comissário da ONU, morto na última terça-feira em um atentado ao escritório da entidade em Bagdá, será enterrado em Genebra, provavelmente na quinta-feira, dia 4 de setembro. Ela negou porém que o sepultamento vá ocorrer no Panteão da ONU.
Annie informou que o funeral será no Cemitére des Roix, local onde estão enterradas autoridades. ''Queria que todos compreendessem que não vamos roubar Sérgio. Ele, antes de tudo, era um cidadão do mundo. Seu coração é brasileiro, claro, mas ele fez a escolha de ter uma família perto de Genebra'', disse ela.
Segundo Annie, a viagem ao Brasil foi ''penosa'' para ela e os filhos, Laurent e Adrien. ''Mas achamos que seria justo que Sérgio pudesse vir a esta terra para se despedir do povo brasileiro'', afirmou. Ela agradeceu ao povo brasileiro pelo ''testemunho de solidariedade'' à família. Ao fim da entrevista, Annie disse: ''Espero que tenham compaixão e não especulem sobre isso: eu sou mulher dele, e não ex-mulher.''
A mãe de Vieira de Mello, dona Gilda, de 85 anos, driblou a família e saiu de casa com amigas para o velório do filho. Chegou ao Palácio da Cidade por volta das 11 horas. Os parentes haviam lhe dito que o corpo partira no sábado mesmo, para poupá-la, mas dona Gilda não acreditou.
No velório, ela estava abalada e foi amparada por uma amiga e pelo neto Andrien. Ela se debruçou sobre o caixão, chorando muito, e depois ficou abraçada por muito tempo a Francisca Domingos, de 89 anos, que foi babá de Vieira de Mello.
Os filhos do diplomata, Laurent e Adrien, e Anie chegaram às 12h15 ao velório. Segundo cálculos da prefeitura do Riod e Janeiro, mil pessoas, entre parentes e amigos, compareceram aos dois dias de velório.