O nível de corrupção no Brasil é o pior em dez anos, segundo relatório anual de governança produzido pelo Banco Mundial (Bird) e divulgado nesta terça-feira (10). De acordo com o levantamento, o país está em nível inferior ao que se encontrava quando a entidade começou a fazer esse estudo, em 1996.
As melhoras observadas entre 1998 e 2000 (segundo mandato de FHC) e 2002 e 2003 (eleição e primeiro ano de mandato de Lula) foram anuladas pelos resultados dos últimos três anos. O estudo é feito pelo Instituto do Banco Mundial e classifica 212 países e territórios de acordo com o desempenho em seis itens.
Para tanto, leva em conta dados fornecidos por 33 fontes internacionais. No caso brasileiro, foram 18 as entidades ouvidas para a classificação do país, entre elas o centro chileno de estudos de opinião Latinobarómetro e o instituto de pesquisas norte-americano Gallup.
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Das seis categorias - controle de corrupção; capacidade de ser ouvido e prestação de contas; eficiência administrativa; qualidade regulatória; estado de direito; e estabilidade política e ausência de violência-, o Brasil só melhorou na última, em comparação com o período anterior.
O controle de corrupção é definido pelo Bird como ''a medida da extensão com que o poder público é exercido para ganhos privados, incluindo tanto pequenas quanto grandes formas de corrupção, assim como o ''sequestro' do Estado por elites e interesses privados''.
''Nos últimos anos, o Brasil parece ter experimentado alguma deterioração em várias dimensões de governança'', escreveu à reportagem, por e-mail, Daniel Kaufmann, um dos autores do relatório.
Durante entrevista coletiva, ele havia estimado o custo da corrupção mundial em US$ 1 trilhão por ano. ''O ônus da prática recai de maneira desproporcional sobre o bilhão de pessoas que vivem em extrema pobreza''.
O relatório causou uma grita entre países mal-avaliados, muito por conta do escândalo que envolveu a instituição responsável pelo estudo. No mês passado, o então presidente do Bird, Paul Wolfowitz, pediu demissão por ter protegido durante sua gestão uma namorada funcionária do banco.