A polícia chinesa deteve pelo menos 20 pessoas em uma operação contra grupos cristãos neste domingo de Páscoa. Os agentes impediram membros de uma igreja protestante de realizar um serviço religioso em público na capital do país, Pequim.
O grupo faz parte da Shouwang, uma das maiores "igrejas subterrâneas" de Pequim. As "igrejas subterrâneas" se recusam a deixar o Partido Comunista controlar a sua crença, e, como consequência, são consideradas ilegais.
A operação começou às 8h de domingo pelo horário local (21h de sábado em Brasília). Segundo o correspondente da BBC em Pequim Damian Grammaticas, o distrito de Zhongguancun foi tomado por policiais uniformizados e à paisana, além de viaturas.
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Grammaticas diz ter visto cerca de 20 pessoas sendo colocadas dentro de ônibus e levadas a uma delegacia.
Segundo o repórter da BBC, nas últimas semanas, o governo expulsou a Shouwang do prédio que costumava ocupar e impediu a igreja de se mudar para sua nova sede, construída com dinheiro dos fieis. Os líderes da Shouwang estão em prisão domiciliar.
O governo chinês alega que o seu povo possui liberdade de religião, garantida pela Constituição. No entanto, a lei só permite o credo em igrejas registradas oficialmente. As igrejas oficiais do país têm cerca de 20 milhões de fieis.
Estima-se que 50 milhões de cristãos chineses façam parte das "igrejas subterrâneas". De acordo com Grammaticas, ativistas cristãos chineses dizem estar sendo alvo de perseguição em todo o território do país.
Operação contra dissidentes
As detenções desta Páscoa ocorrem em meio a uma das maiores operações do governo chinês contra dissidência interna desde o massacre da Praça Tiananmen (Paz Celestial), em 1989.
Nos últimos meses, dezenas de ativistas pró-direitos humanos, advogados, blogueiros e artistas foram detidos. Alguns receberam longas sentenças de prisão, enquanto outros foram pegos pela polícia e desapareceram, segundo o repórter da BBC.
Um dos detidos foi o artista Ai Wei Wei, reconhecido internacionalmente e famoso por suas críticas ao regime.
Analistas acreditam que o Partido Comunista chinês, preocupado com as revoluções pró-democracia em países árabes, está se antecipando e esmagando possíveis ameaças ao regime antes que elas possam sair do controle.