O julgamento dos acusados de executar a missonária Dorothy Stang entra neste sábado no segundo e último dia, justamente quando se comemora o Dia Mundial dos Direitos Humanos.
Norte-americana e naturalizada brasileira, a religiosa foi assassinada por tiros à queima-roupa próximo ao Projeto Esperança, no município de Anapu, no Pará. Dos cinco acusados de envolvimento no crime, estão em julgamento Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Carlos Batista, que confessaram o assassinato.
O auditório do Tribunal de Justiça, com capacidade para 100 pessoas, está quase cheio e alguns agricultores do sul do Pará acamparam em frente ao prédio. Eles reivindicam a implantação do Plano de Desenvolvimento Sustentável, que era uma das bandeiras da luta da irmã Dorothhy.
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O julgamento é acompanhado por movimentos sociais, pela representante especial do Secretário-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) para Defensores dos Direitos Humanos, a paquistanesa Hina Jilani, além do ministro interino da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Mario Mamede.
Para não prolongar o julgamento, a promotoria decidiu não usar os autos e utilizou recursos audiovisuais, como as gravações feitas pela polícia que mostram a reconstituição do crime e as entrevistas feitas com os acusados logo após o assassinato.
Na sexta-feira, a promotoria pediu a punição máxima para os acusados, que é de 30 anos, por homicídio duplamente qualificado – crime de encomenda e sem chance de defesa. Já os advogados de defesa apelam para o crime comum, cuja pena máxima é de sete a dez anos de prisão.
Em entrevista à Agência Brasil, o ministro Mario Mamede disse que as investigações e o julgamento dos acusados demonstram uma "firme atuação das instituições".
"Seja pelo esforço das autoridades locais, seja pela parceira trazida nos momentos mais críticos pela esfera federal, por determinação do presidente", disse. "[O julgamento prova] que em nenhum momento a vingança deve ser o motor de nossas atitudes, mas que a aplicação da Justiça deve ser o motivo que nos leva a construir uma sociedade melhor".
Para o ministro, da mesma maneira que o assassinato causou um grande impacto e gerou uma mobilização nacional, o julgamento tem o mesmo simbolismo. "A aplicação da sentença cabível e a certeza de que a condenação cairá aos executores, intermediários e mandantes inaugura uma nova época no Brasil ao fazer com que as pessoas que se entendem acima da lei e que não evitam o uso da violência percebam que a lógica da impunidade está sendo quebrada", avalia.
O Greenpeace e outras 23 organizações da sociedade civil entregaram, no primeiro dia do julgamento, uma carta endereçada à Comissão de Direitos Humanos da ONU pedindo providências em relação à sistemática violação dos direitos humanos no estado do Pará.
O documento foi entregue para a representante especial Hina Jilani. Segundo o documento, desde o assassinato de Dorothy Stang, em fevereiro de 2005, pelo menos outros seis líderes de trabalhadores rurais foram assassinados no Pará, sendo três deles no último mês.
Fonte: Agência Brasil