O presidente do Equador, Rafael Correa, decretou nesta quinta-feira, 30, estado de exceção em todo o país por cinco dias para frear um protesto de militares e policiais contra uma lei que corta os benefícios de setores do funcionalismo público.
"Uma vez que setores da polícia abandonaram irresponsavelmente seu trabalho, tivemos de declarar o estado de exceção", disse o ministro de Segurança Doméstica, Miguel Carnaval, a jornalistas.
Correa acusou setores da oposição, entre eles o ex-presidente Lúcio Gutierrez de organizar um golpe de Estado contra ele. Policiais ocuparam os principais quarteis de Quito e o Congresso. O aeroporto da capital foi tomado por oficiais da Força Aérea.
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Rodovias foram bloqueadas e houve relatos de distúrbios e até roubos de bancos. Outros setores do funcionalismo também afetados pela nova lei se uniram aos protestos, incluindo os estudantes.
Correa se dirigiu ao quartel geral de Quito para falar com os manifestantes e disse que não iria voltar atrás sobre a lei, que visa diminuir os gastos do Estado com o funcionalismo.
"Se vocês querem matar o presidente, aqui está ele. Matem-me!", disse, recusando-se a recuar na nova lei.
Correa isolado
Os policiais debelados atiraram bombas de gás lacrimogêneo contra o presidente, o que o levou a ser internado no hospital do quartel. Então, o prédio foi cercado.
Falando por telefone à rádio estatal, Correa qualificou os distúrbios como golpe. O presidente afirmou que "a história irá julgá-los (os manifestantes)". "Eu convoco a polícia patriótica a se submeter" à liderança do presidente, afirmou.
Escolas e lojas foram fechadas por causa da falta de proteção policial. Há relatos de saques em algumas cidades do país, incluindo na capital, onde pelo menos dois bancos foram saqueados, e na cidade costeira de Guayaquil. O principal jornal do país, El Universo, informa que houve assaltos em supermercados e roubos por causa da ausência da polícia.
Reação popular
Centenas de partidários de Correa marcharam até a praça da Independência, no centro de Quito a fim de demonstrar apoio ao presidente.
O ministro das Relações Exteriores, Ricardo Patiño, convocou os partidários de Correa a marcharem ao hospital do quartel para retirá-lo de lá.
O povo marchou até o hospital e entrou em confronto com os policiais rebelados. Ao menos uma pessoa ficou ferida com um tiro no braço, segundo a rádio estatal. Os partidários do presidente atiraram pedras nos policiais e foram repreendidos com tiros e bombas de gás.
Apoio da cúpula militar
A cúpula militar equatoriana afirmou seu apoio ao presidente Rafael Correa, assim como outras instituições do Estado.
"Pedimos calma. Agentes políticos estão desinformando elementos militares", disse o comandante general das Forças Armadas, general Ernesto González
Em comunicado conjunto, o Conselho Nacional Eleitoral, o Parlamento, A Corte Nacional de Justiça, a procuradoria-geral e a controladoria-geral da República defenderam o presidente.