O físico britânico Stephen Hawking, morto na última quarta-feira (14), aos 76 anos, havia enviado para uma importante revista científica um novo estudo no qual propunha as bases matemáticas para provar a existência de múltiplos universos. O trabalho foi assinado com o físico Thomas Hertog, da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, e submetido a revisão poucos dias antes do falecimento de Hawking, que sofria de esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Ainda não publicado, o artigo já pode ser consultado por meio do "Arxiv", plataforma que rastreia textos científicos antes de sua divulgação oficial, e se chama "A Smooth Exit from Eternal Inflation?" ("Uma saída suave da eterna inflação?", em tradução livre). "É um cenário no qual não existe um único universo, mas um proliferar de universos, uma espécie de grande sopa primordial, onde de vez quando há uma bolha que cresce em excesso, dando origem a um dos universos possíveis", explica Massimo Pietroni, docente de física da Universidade de Parma, na Itália, e pesquisador do Instituto Nacional de Física Nuclear (INFN).
"Esse cenário se chama 'multiverso' e prevê que o nosso seja apenas um dos universos possíveis. A partir daqui, Hawking se pergunta o quão possível é que se nasça um universo homogêneo e regular como o nosso e, a partir de uma abordagem moderna que leva em conta efeitos gravitacionais e quânticos, chega a dizer que é mais provável do que se pensava, enquanto o número de universos possíveis seria mais baixo do que as cifras estimadas até agora", acrescenta Pietroni.
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A "inflação" na teoria de Hawking é o processo por meio do qual o universo teria começado a se expandir a partir de um ponto único, mas o artigo supõe que esse não tenha sido um evento isolado e tenta criar uma base científica que possa ser provada.